ATA DA TRIGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 08.05.1996.
Aos oito dias do mês de maio do ano de mil novecentos e
noventa e seis, reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a
Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi realizada a chamada,
sendo respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur
Zanella, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Dilamar Machado,
Edi Morelli, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Giovani Gregol, Guilherme
Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta,
João Verle, Jocelin Azambuja, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do
Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo
Leal, Pedro Ruas, Raul Carrion, Reginaldo Pujol e Wilton Araújo. Constatada a
existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias das Atas da trigésima
Sessão Ordinária, das quinta e sexta Sessões Solenes, que foram aprovadas. À
MESA foram encaminhados: pelo Ver. Airto Ferronato, 2 Pedidos de Providências;
pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, 2 Pedidos de Informações nºs 59 e 60/96 (Processos
nºs 1174 e 1176/96) e 2 Projetos de Lei do Legislativo nºs 59 e 62/96
(Processos nºs 1148 e 1235/96); pelo Ver. Jocelin Azambuja, 1 Emenda ao Projeto
de Resolução nº 44/95 (Processo nº 2392/95); pelo Ver. Nereu D'Ávila,
Presidente da Comissão Especial constituída com o objetivo de discutir uma
proposta de institucionalização do “Orçamento Participativo” no Município de
Porto Alegre, 1 Pedido de Informações nº 69/96 (Processo nº 1281/96) e pelo
Ver. Paulo Brum, 2 Pedidos de Providências. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs
001/96, do Ver. Lauro Hagemann, Presidente da Comissão Especial constituída com
a finalidade de analisar o Projeto de Resolução nº 43/95 (Processo nº 2379/95),
032 e 045/96, do Senhor Cézar Augusto Busatto, Secretário de Estado da
Fazenda/RS, 037/96, do Senhor Miguel Junior Carneiro de Souza, Superintendente
de Recursos Humanos do SERPRO. A seguir, nos termos do artigo 100 da Lei
Orgânica Municipal, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Marcos
Schames, Presidente da Associação de Moradores do Bairro Farroupilha, que falou
a respeito dos problemas enfrentados pelos moradores da área onde se realiza o
Brique de domingo, há dezoito anos, considerando-o um evento cultural exitoso,
manifestando-se, porém, contrariamente ao Projeto de autoria da Vera. Maria do
Rosário, que pretende a realização de um Brique também aos sábados. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Nereu D'Ávila externou sua posição favorável ao
Brique de domingo e contrária ao Brique de sábado, solidarizando-se com os
moradores pelos transtornos enfrentados pelos mesmos. O Ver. Pedro Américo Leal
questionou a justiça de penalizar-se os moradores do Bairro Farroupilha também
aos sábados, manifestando sua posição contrária à realização do Brique aos
sábados. A seguir, o Senhor Presidente agradeceu a presença do Senhor Marcos
Schames, dizendo ser intenção da Casa examinar a matéria com muito equilíbrio e
responsabilidade. Às quatorze horas e trinta e quatro minutos os trabalhos
foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e trinta e
seis minutos. O Senhor Presidente deu conhecimento ao Plenário do Requerimento
de autoria do Ver. Luiz Negrinho, requerendo autorização para, representando
esta Casa, participar do 7º Congresso Latino-Americano de Parlamentos
Municipais, a realizar-se na Cidade de Gramado, nos dias 08, 09 e 10 de maio do
corrente ano, sem ônus para o Legislativo. Após, em atendimento ao Requerimento
nº 064/96 (Processo nº 845/96), de autoria do Ver. José Valdir, o Senhor
Presidente convidou a Senhora Nelcinda Aguirre da Silva, Presidente do Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e o Professor Anairto
Delatorre, da Sociedade Servos da Divina Providência, para integrarem a Mesa.
Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Professor Anairto
Delatorre, que deu conhecimento ao Plenário da Nota de Esclarecimento publicada
no Informativo do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente –
CMDCA, manifestando o posicionamento daquele Conselho com relação à suspensão
dos convênios de repasse de recursos financeiros às entidades
não-governamentais da Cidade de Porto Alegre, realizados pela Fundação Estadual
do Bem-Estar do Menor – FEBEM, solicitando aos Senhores Vereadores uma ação
política no sentido da regulamentação do Fundo Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente – FUNCRIANÇA. A Senhora Nelcinda Aguirre da Silva
discorreu a respeito da preocupação com a falta de repasse de recursos
financeiros e humanos às entidades responsáveis pelas crianças e adolescentes,
as quais estão fechando suas portas. O Ver. José Valdir, na qualidade de autor
do Requerimento, criticou a política adotada pelo Governo do Estado nas
questões concernentes aos direitos da criança e do adolescente, ressaltando o
descompromisso para com as políticas sociais na área da assistência, da saúde e
da educação. Referiu-se também às conquistas realizadas pela Prefeitura
Municipal nesta área. Em continuidade, o Senhor Presidente comunicou que na
próxima sexta-feira, a Casa irá receber a Presidente da Fundação de Educação
Social e Comunitária, que propôs uma parceria da Prefeitura Municipal de Porto
Alegre, com a Câmara Municipal de Porto Alegre, numa campanha conjunta para a
Campanha do Agasalho do próximo inverno. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vera.
Clênia Maranhão fez ressalvas ao discurso do Ver. José Valdir, dizendo das
dificuldades enfrentadas hoje no processo de municipalização das ações sociais,
tanto pela Prefeitura Municipal quanto pelo Governo do Estado. A Vera. Maria do
Rosário discorreu sobre a omissão e a negligência de qualquer esfera do Poder
Público em relação ao atendimento de crianças e adolescentes. Relatou em nome
da Comissão de Direitos Humanos desta Casa que já está sendo realizado um
trabalho conjunto em relação a este caso e dirigido ao Governo Estadual. Às
quinze horas e quinze minutos os trabalhos foram regimentalmente suspensos,
sendo retomados às quinze horas e dezenove minutos. A seguir foi iniciado o
período de PAUTA. Em discussão preliminar, 1ª Sessão, esteve o Projeto de Lei
do Executivo nº 21/96, discutido pelo Ver. João Dib; em 2ª Sessão o Projeto de
Lei do Legislativo nº 56/96 e os Projetos de Lei do Executivo nºs 22 e 24/96;
Em 3ª Sessão o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 08/96,
discutido pelo Ver. Giovani Gregol, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 36,
51, 54, 55 e 10/96 e o Projeto de Lei do Executivo nº 20/96. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER o Ver. Luiz Braz que falou a respeito da não regulamentação da propaganda
para os táxis, considerando abusiva a intenção da Secretaria Municipal dos
Transportes de cobrar adiantado o valor de todo o contrato feito nesse sentido.
A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. A
seguir, o Ver. Luiz Braz formulou Questão de Ordem sobre Requerimento do Ver.
Henrique Fontana enviado à Comissão de Constituição e Justiça, solicitando que
o mesmo fosse discutido e votado em Plenário para que a Comissão Parlamentar de
Inquérito referente a gastos públicos pudesse existir. O Ver. Luiz Braz
solicitou que o referido Requerimento fosse enviado à Comissão Parlamentar de
Inquérito, que já foi instalada, para que a mesma o analise. A Mesa respondeu
dizendo que o Senhor Presidente da Casa, Ver. Isaac Ainhorn, recebeu e deferiu
o Requerimento, encaminhando-o à Comissão de Constituição e Justiça. Em
Discussão Geral e Votação Nominal, após ser encaminhado à votação pelos
Vereadores Reginaldo Pujol, Lauro Hagemann, Antonio Hohlfeldt, João Dib e João
Motta, foi rejeitado o Veto Parcial ao Projeto de Lei do Executivo nº 070/93,
por 21 Votos SIM, 5 Votos NÃO e 1 ABSTENÇÃO, votando Sim os Vereadores Airto
Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren,
Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Giovani Gregol, Guilherme
Barbosa, Isaac Ainhorn, Jocelin Azambuja, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Milton
Zuanazzi, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Raul Carrion, Reginaldo
Pujol e Wilton Araújo, votando Não os Vereadores Helena Bonumá, Henrique
Fontana, João Dib, João Motta e Maria do Rosário, e abstenção do Ver. José
Valdir. Às dezesseis horas e cinqüenta minutos os trabalhos foram suspensos
regimentalmente, sendo retomados às dezesseis horas e cinqüenta e oito minutos.
Ainda na ORDEM DO DIA, em Votação Nominal, 1º Turno, esteve o Projeto de Emenda
à Lei Orgânica nº 002/95, que teve adiada sua votação por 2 Sessões, a
Requerimento de autoria do Ver. Décio Schauren, aprovado por 17 Votos SIM e 4
Votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Jocelin Azambuja e
pelo autor, votando Sim os Vereadores Airto Ferronato, Clovis Ilgenfritz, Décio
Schauren, Elói Guimarães, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá,
Henrique Fontana, João Dib, João Motta, João Verle, José Valdir, Lauro
Hagemann, Maria do Rosário, Milton Zuanazzi, Pedro Américo Leal e Raul Carrion
e votando Não os Vereadores Dilamar Machado, Jocelin Azambuja, Mário Fraga e
Nereu D'Ávila. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do
Executivo nº 68/95, após ser discutido pelo Ver. Reginaldo Pujol. Em votação,
esteve o Projeto de Resolução nº 10/94, que teve sua votação adiada por uma
Sessão, a Requerimento aprovado por dezessete Votos SIM e dois NÃO, de autoria
do Ver. João Verle, encaminhado à votação pelo autor e submetido à votação
nominal a Requerimento, aprovado do Ver. João Dib. Votaram Sim os Vereadores
Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Clovis Ilgenfritz, Décio Schauren, Giovani
Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, João Motta, João
Verle, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Pedro Ruas,
Raul Carrion e Reginaldo Pujol, e votaram Não os Vereadores João Dib, com
Declaração de Voto, e Nereu D'Ávila. A seguir, foi aprovado o Requerimento nº
087/96 (Processo nº 1189/96), de autoria do Ver. Nereu D'Ávila, solicitando
seja o período do Grande Expediente da Sessão Plenária do dia 18 de setembro
dedicado a homenagear o “Piquete Aporreados do 38”, em razão do transcurso de
seu 10º aniversário, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Reginaldo
Pujol, Nereu D’Ávila, Pedro Ruas, Jocelin Azambuja, Giovani Gregol e João Dib,
e submetido à votação nominal o Requerimento, aprovado, de autoria do Vereador
Pedro Ruas, por 21 Votos SIM e 1 Voto NÃO, votando Sim os Vereadores Airto
Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clênia Maranhão, Clovis
Ilgenfritz, Décio Schauren, Elói Guimarães, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa,
Helena Bonumá, Henrique Fontana, João Dib, João Motta, João Verle, José Valdir,
Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas
e Raul Carrion, e votando Não o Ver. Reginaldo Pujol. Em continuidade, o Ver.
José Valdir formulou Questão de Ordem para saber o resultado do recurso
encaminhado por Sua Excelência para uma deliberação do Presidente, Ver. Isaac
Ainhorn, no transcurso desta Sessão. A seguir, os trabalhos foram
regimentalmente suspensos às dezoito horas e reabertos às dezoito horas e oito
minutos. Em continuidade, a Mesa respondeu a Questão de Ordem formulada pelo
Ver. José Valdir, colocando que reconsiderou sua posição suspendendo a entrega
das notas taquigráficas do pronunciamento da Senhora Nelcinda Aguirre da Silva,
ao Ver. Antonio Hohlfeldt. A seguir, o Ver. Henrique Fontana solicitou chamada
nominal para verificação de "quorum", sendo encerrados os trabalhos, uma
vez constatada a inexistência do mesmo. Às dezoito horas e quatorze minutos o
Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental.
Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Edi Morelli,
Reginaldo Pujol, Mário Fraga e
secretariados pelos Vereadores Fernando Záchia e Reginaldo Pujol. Do que eu
Fernando Záchia, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor
Presidente.
ATA DA TRIGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA – EM 08.05.1996.
- Nos registros referentes à ORDEM DO DIA, deve ser acrescentado o nome do Ver. Jocelin Azambuja à relação dos Vereadores que encaminharam à votação o Projeto de Lei do Executivo nº 70/93.
- Durante a ORDEM DO DIA, quando dos registros referentes à votação do Requerimento nº 87/96, deve ser acrescentado que o Ver. Artur Zanella apresentou Declaração de Voto.
O SR. PRESIDENTE (Edi
Morelli):
Passamos à
O Sr. Marcos Schames, Presidente da Associação dos Moradores do Bairro
Farroupilha, está com a palavra.
O SR. MARCOS SCHAMES: Exmo. Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, autoridades presentes; Senhores e Senhoras, é com um misto de
emoção e de entusiasmo que estou assomando a esta tribuna, que é mais uma
manifestação democrática, onde a minoria, de alguma forma, tem um espaço para
defender seus interesses e seus pontos de vista.
Na qualidade de Presidente da Associação dos Moradores do Bairro
Farroupilha, gostariam de mostrar alguns dados, um enfoque que representa o
problema a respeito da tramitação do Projeto, a oficialização do Brique aos
sábados.
Em primeiro lugar, nós gostaríamos de caracterizar nossa opinião com
referência ao Brique de domingo: é um Brique oficializado, é um Brique exitoso
e que tem o seu funcionamento há 18 anos. É um Brique que é um evento cultural
em Porto Alegre, o que é um orgulho para nós.
Esse é o lado oficial do Brique de Porto Alegre, agora, eu gostaria de
mostrar o Brique de domingo num enfoque dos moradores, aqueles que de alguma
forma, anualmente, todos os fins de semana têm que suportar uma série de coisas,
e que o fazem de forma estóica. O Brique tem o seu início às nove horas e seu
término oficial às dezesseis. Na realidade, a montagem começa bem cedo. Somos
acordados em torno das sete horas pelos translados e montagem do Brique. Os
moradores são contemplados com esse despertador matinal aos domingos, fim de
semana, que é resguardado para o descanso de uma comunidade cujo perfil é
extremamente operoso e bastante contributivo e participa, significativamente,
do Brique porto-alegrense, e com início às sete horas, com descarregamento,
montagem, uma série de coisas. Quando não somos surpreendidos pelos eventos
ditos culturais, desde a Academia do Parcão ou quando comparecem outros, de
qualquer tipo, e fazem uma sonorização que não é nada compatível. É alguma coisa
estridente. Só quem mora lá é que sabe o que é ser acordado às sete horas com a
montagem das caixas de som, com “rock pauleira”, sinto-me em Treblinka. É um
barulho incrível. O nosso dia começa assim. A expressão de extensão do Brique é
em torno de 750 metros, onde se acumulam 435 barracas, bancas, e cujo fluxo de
gente é de 15 a 20 mil pessoas. Imaginem, neste espaço, a que movimentação nós
somos submetidos. O Brique vai tendo o seu andamento e tem o seu final em torno
das 16 horas. Às 16h, quando a gente pensa que vai começar o descanso, começa o
outro rock. Enche, não sei de onde, como, de uma série de vendedores, de
ambulantes, transformando a José Bonifácio numa Bagdad. Está a venda tudo que é
possível, imaginado, sem a mínima regulamentação, sem o mínimo cuidado e você,
mais uma vez, é obrigado a se recolher. Quando chega no final do outro Brique,
você desce e vai respirar, mas respirar o quê? Lixão. Você está, no fim da
tarde, no meio do lixão. Por conseguinte, nós terminamos o domingo, a segunda-feira,
completamente enclausurados.
Vamos registrar a nossa posição com relação aos briqueiros.
Respeitamos, somos a favor de quem quer trabalhar. Nós entendemos a posição dos
que querem vir trabalhar naquele espaço. É uma época muito difícil,
especialmente agora, mas é difícil para todos, é difícil para nós moradores
que, de alguma forma, suportamos este ônus de dar o nosso domingo para este
Evento maravilhoso que tanta glorificação dá para Porto Alegre.
Agora, eu chamo a atenção de vocês, teremos nós que ser penalizados com
o sábado, também? Teremos nós que multiplicar o lixão de sábado até
segunda-feira? Teremos nós que ser usurpados do nosso sossego? Teremos nós que
ser privados de poder fazer as coisas mais básicas? Seremos nós obrigados, de
alguma forma, a ser desprovidos do ir e vir, porque a movimentação naquele
espaço é difícil, não se consegue nem tirar o carro da garagem. A gente tenta,
mas, de alguma forma, somos agredidos, verbalmente. Então, nós nos sentimos
extremamente encurralados. Mas nós aceitamos este ônus, como também o ônus do
IPTU, que é um dos mais caros.
Enfim, acha, a comunidade, que suportando ela dá uma doação para a
composição de alguma forma de trabalho. Então, nós vimos pedir,
encarecidamente, a boa vontade, o bom senso, da Câmara de Porto Alegre, que
representa a Cidade de um dos maiores padrões do Brasil - quer intelectual,
quer financeiro, quer econômico, especialmente político. Nós somos um símbolo
político e nós não podemos nos amarrar a um falso e pretenso angariar de votos gratuitamente
em detrimento de uma comunidade que já dá bastante do seu prazer em benefício
do povo de Porto Alegre. Gostaríamos de ver estes tipos de oficialização
banidos e que sejam respeitados os nossos direitos. Já somos penalizados
bastante e gostaríamos que esta decisão fosse totalmente banida de uma vez por
todas. Domingo, suportamos; os outros dias, nos dêem um pouco de folga. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A partir do uso da Tribuna
Popular, pela Associação dos Moradores do Bairro Farroupilha, definindo a
posição desses moradores em relação ao Bairro Farroupilha acerca da
oficialização do Brique do sábado na Av. José Bonifácio, saudamos o seu
Presidente e o seu comparecimento a esta Casa a fim de manifestar a posição
daquela comunidade, de seus moradores, que manifestam uma preocupação com
relação à oficialização do Brique da Redenção no sábado.
Uma vez que na Casa tramita um Projeto nesse sentido, dentro do
contraditório, do princípio da expressão, dos posicionamentos dentro desta
Casa, pode o nosso Presidente que recém usou a Tribuna Popular aferir a
importância deste instituto para a expressão e manifestação da comunidade em
relação aos temas da Cidade. O Ver. João Dib está com a palavra, falará pela
Bancada do PDT.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Efetivamente
esse assunto que o Presidente da Associação do Bairro Farroupilha traz é muito
importante. O Ver. Dilamar Machado é um dos moradores de lá. O Brique tem 18
anos, e quando tinha 14 anos e já era uma tradição na Cidade, este Vereador
apresentou um projeto de oficialização do Brique, e o Brique foi oficializado.
Quando eu era Secretário da SMIC, e depois que deixei a Secretaria, mantive a mesma
luta em favor dos moradores da Av. José Bonifácio. Fui combatido, inclusive,
por um professor que é “briqueiro”, tenho respeito pela sua história de
professor, mas ele não entendeu, no momento, e usou de demagogia, dizendo que
eu queria acabar com o Brique, que é uma tradição de Porto Alegre. Como se
alguém tivesse a ousadia de querer acabar com o Brique que é um dos pontos
turísticos importantes da Cidade de Porto Alegre. Mas o Brique de domingo, que
tem 18 anos, e é rigorosamente fiscalizado, pelas associações dos artesãos e de
outros. Quando a gente é secretário da SMIC, depois é Vereador, e chega alguém
e diz assim: “Olha, me arruma um lugar lá no Brique, porque estou mal de vida e
preciso vender malha, cachorro, seja o que for”, a gente ri, porque há uma
lista de espera e é uma briga para quem quer entrar lá, pois o próprio Brique,
os artesãos e a Arte-Fim, os artistas são organizadíssimos.
O Brique é, como disse o próprio Presidente, um ponto turístico, um
ponto de convergência, inclusive, um ponto de encontros políticos, aos
domingos. Quem fala aqui muito em opinião de moradores, em opinião de que não
se faça nada, até um deles apresentou um projeto de que não se faria nada até
se ouvir a opinião dos moradores, é a Bancada do PT. Agora, engraçado é que,
desta vez, um dos nomes da Bancada apresentou açodadamente e encheu a Câmara,
tentando intimidar os outros, sem consultar a comunidade, que é representada
por V. Exas., sem obter a opinião da SMIC, que é quem regula aquilo lá. São
dois pesos e duas medidas. Em nome da coerência, eu pediria à Bancada do PT que
ouvisse a comunidade dos moradores. A questão das 9h é pró-forma. Às 6, às 7h
da manhã, no inverno, quando ainda é escuro e V. Exas. têm o direito de
descansar, como qualquer porto-alegrense que paga imposto, são acordados por
barulhos.
E eu, pessoalmente, me empenhei numa luta sem glória, porque não houve
muito voto para mim, lá, em 1992. Empenhei-me numa luta em favor dos moradores
para tirar da calçada e colocar no meio da rua os que faziam mais barulho. E
mais do que barulho: houve uma ocasião em que uma senhora quebrou uma perna e a
ambulância não conseguia chegar e os briqueiros não deixaram o carro sair, às
7h da manhã, para ir ao Pronto Socorro. É um fato real. Fiz de tudo para tirar
da calçada, da frente dos moradores, e colocar no meio da rua. E consegui. O
único porto-alegrense que me honrou com o reconhecimento foi o grande
jornalista Cândido Norberto, que, no dia em que lia a relação dos eleitos em
1992, na Rádio Gaúcha, num domingo à tarde, ao ler meu nome, disse: “este aqui
eu gostaria de saber quantos votos fez na José Bonifácio, porque acompanhei a
sua luta furiosa em favor daqueles moradores”. Depois eu disse um dia para o
grande Cândido: “não foram muitos votos”. Mas não é um problema eleitoreiro,
também; é que me honro de ter ajudado os moradores, porque me honro do Brique
que ajudei como Secretário da SMIC.
Sempre fui, como o Ver. João Dib, a favor da Lei do Silêncio, porque
aqueles que trabalham têm direito a descanso. Não só os que produzem, os que
vendem e auferem lucros muito grandes também têm direito a descanso. Todos têm.
Por isso, me posiciono clara e definidamente, sem demagogia, contra o Brique
aos sábados, até porque ele tem dois ou três anos. O Brique, quando eu oficializei,
tinha quatorze anos de tradição na Cidade. Realmente, nenhum porto-alegrense
deixa de se honrar do Brique. V. Exa. tem razão, aos sábados é dose para
mamute. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ver. Pedro Américo Leal
está com a palavra, em tempo de Liderança.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, paira pela Câmara Municipal uma pergunta muito grave. É justo que
se penalize esta gente, moradores do Bairro Farroupilha, pela segunda vez numa
semana? Até me lembra aquela anedota de caserna em que certo capitão dizia para
o sujeito, um soldado bisonho: “Você deu um serviço tão bem dado no domingo que
eu vou te botar também no sábado”. E colocou o soldado no sábado. Ele deu
serviço no sábado e domingo. É assim que eu vejo os moradores do Bairro
Farroupilha.
Afinal de contas, tem coerência transitar pela Câmara um Projeto deste
naipe? Não tem. Porque nós sabemos que esta gente, no domingo, segundo me
consta, pois eu não moro lá, acorda cedo incomodada pelo barulho do pessoal que
monta as barracas, gritaria que é incontrolável para quem chega e se dispõe a
montar alguma coisa naquele local. E por aí vai. O trânsito completamente
interrompido na porta de suas casas. Não pode sair de automóvel. Isso é, na
verdade, desumano com esta gente. Eu vou mais além, eu acho que devia ser
proibida a permanência de barracas na calçada logo após a residência, todos os
domingos.
(Aparte anti-regimental do Ver. Nereu D'Ávila.)
Eu ouvi V. Exa. dizer isso, Ver. Nereu D'Ávila. Duvido muito que seja
obedecido, devido aos tumultos que se dão nas manhãs de domingo. Então como é
que nós vamos impedir a Avenida José Bonifácio, que dá acesso, ao Pronto
Socorro, sábado e domingo – estou me referindo a sábado também, pois domingo
dou de barato, já está perdido e esta gente dá como contribuição o domingo, dou
de barato. Mas, no sábado também? Meu Deus, é demais.
Pois transita por aí um projeto desta envergadura. Como vamos, nós
Vereadores, que maduramente nos debruçamos sobre projetos, e dentro do possível
meditamos, planejamos o que pode suceder com eficácia aquele instrumento
legislativo, que passa a ser transformado em lei, como vamos resolver isso?
Não devia entrar nem em cogitação! Sábado jamais poderíamos dar para
essa gente a segunda penalização. Como o soldado do regimento que deu um
serviço bem dado no sábado e o capitão botou-o também de serviço no domingo.
Ora, meus senhores, não quero me alongar, mas acho que é um Projeto que
não tem coerência, porque submete estes moradores ao segundo pagamento, de
sofrimento incessante, toda a semana. Os Srs. sabem que é sacrificar o domingo
e o sábado também? É possível isso? Sábado e domingo!
Meditemos, que cada Vereador se ponha como morador dali. Vamos então
permitir que se dê o segundo sofrimento, pois o primeiro já é um absurdo.
Finalizo minha intervenção fazendo empenho para que esta Câmara pense,
medite, avalie e não conclua pela concessão desse absurdo. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não há mais oradores inscritos
em Liderança para se manifestar sobre o tema.
Agradecemos a presença do Dr. Marcos Schames, Presidente da Associação
do Bairro Farroupilha e dos moradores daquela rua que participam desta Sessão.
Informamos que esse Projeto encontra-se na Ordem do Dia para discussão geral e
votação, segundo nos informa a Diretoria Legislativa da Casa, eis que houve um
adiamento de discussão por quatro Sessões. Esse Projeto retorna à Ordem do Dia
na Sessão Plenária de sexta-feira.
Sabemos que o conjunto da Casa, com muito equilíbrio e
responsabilidade, vai examinar a matéria e tomar, com certeza, uma decisão
sábia, que atende aos interesses do conjunto, da comunidade e da Cidade.
Vamos suspender a Sessão por dois minutos para as despedidas.
(Os trabalhos foram suspensos às 14h34min.)
O SR. PRESIDENTE (às
14h36min):
Reabrimos os trabalhos da presente Sessão, solicitando que a DL anote os 2
minutos que esteve suspensa a Sessão para o cômputo do tempo regimental de
duração da presente Sessão Plenária. Nós recebemos um documento firmado pelo
Ver. Luiz Negrinho, do PST, que requer, nos termos regimentais, autorização
para participar do 7º Congresso Latino-Americano de Parlamentos Municipais, a
realizar-se em Gramado nos dias 8, 9 e 10 de maio, sem ônus algum,
representando esta Casa. Tendo em vista que não há ônus, esta Mesa deixa de
submeter ao Plenário a matéria e defere de plano a solicitação de representação
solicitada pelo Ver. Luiz Negrinho, como de praxe tem feito.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Não sei se faço uma Questão
de Ordem ou peço um Requerimento, mas é tão grande a satisfação desta Casa que
isto fica de somenos importância, quando V. Exa., como Presidente do
Legislativo, foi agraciado no Dia da Vitória, 52 do término da Guerra, com a
medalha Mascarenhas de Moraes. Então, eu me regozijo, não estive lá porque me
esqueci, passou despercebida a data e, no tumulto que eu tinha em meu gabinete,
esqueci. De modo que não prestigiei V. Exa. e me redimo agora, dando-lhe os
parabéns e fazendo com que toda a Casa, através de uma salva de palmas,
homenageie o Presidente do Legislativo. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: Agradeço sensibilizado a
deferência e as referências que V. Exa. acaba de fazer e recebo com toda
humildade, o carinho, a atenção e o cavalheirismo, que têm sido a marca
registrada de V. Exa., no curso de sua vida pública, mesmo nos momentos
difíceis da nacionalidade. Agradeço, também, a manifestação dos demais
Vereadores.
Atendendo ao Requerimento de nº 64/96, Processo 845/96, de autoria do
Ver. José Valdir, convidamos a Sra. Nelcinda Aguirre da Silva, Presidente do
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, e o Professor
Anairto Delatorre, da Sociedade Servos da Divina Providência, para que integrem
a Mesa.
Há uma solicitação, por parte de nossos convidados, para usar o tempo
de 15 minutos.
O Professor Anairto está com a palavra.
O SR. ANAIRTO DELATORRE: Sr. Presidente, Nobres
Vereadores, o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, em nota de
esclarecimento, em seu Boletim Informativo, colocou os seguintes termos,
referente a essa solicitação do Ver. José Valdir: “O Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente dirige-se à comunidade porto-alegrense com
o objetivo de manifestar seu posicionamento, em relação à suspensão dos convênios
de repasse de recursos financeiros às entidades não-governamentais de nossa
Cidade, realizados pela FEBEM. O Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº
80/69 – estabelece, como diretriz das políticas
de atendimento à criança e ao adolescente, a municipalização,
após definir que tal política far-se-á através de um conjunto articulado de
ações governamentais e não-governamentais da União, dos estados, do Distrito
Federal e dos municípios.
Historicamente, em especial no Rio Grande do Sul, os programas de
atendimento à criança e ao adolescente em situação de risco têm sido de
responsabilidade da esfera estadual, especificamente da FEBEM. Sendo assim, é
preciso interpretar o Estatuto de forma a compreender a municipalização como um
processo de qualificação e descentralização de atendimento, jamais com a
desativação de serviços estaduais e federais, transferindo responsabilidades ao
Município.
O processo de municipalização deve estar condicionado à estruturação de
um projeto onde esteja previsto um programa com etapas claras e definidas do
repasse de recursos periódicos e suficientes para a continuidade do atendimento
prestado. Enquanto órgão formulador e deliberador da política municipal para a
infância e juventude, o CMDCA foi chamado em novembro de 1995 e janeiro de 1996
pela FEBEM, para ser informado sobre a intenção da desativação dos convênios.
Posicionou-se, naquela ocasião, no sentido de que os recursos disponíveis a
partir da desativação dos convênios, deveriam ser repassados ao Fundo Municipal
dos Direitos da Criança e do Adolescente – FUNCRIANÇA – para posterior
definição, pelo Conselho, dos convênios a serem realizados.
O fato é que nenhum recurso foi repassado ao FUNCRIANÇA, e nenhum
acordo foi efetuado sobre a municipalização dos programas. Nesse sentido,
esperamos que a FEBEM informe corretamente as entidades sobre a situação atual
dos recursos, antes destinados aos convênios, os quais não foram repassados ao
FUNCRIANÇA. Segundo: mantém os convênios com as entidades, as quais não têm
meios de dar continuidade aos atendimentos prestados sem os recursos antes
repassados, até que esteja concluído um acordo concreto de municipalização.
Essa é a nota de esclarecimento que foi colocada no Boletim Informativo do
próprio Conselho Municipal.
Sobre algumas perguntas que nos foram colocadas com referência aos
repasses da FEBEM, e mesmo sobre algumas entidades que não receberam recursos,
nós temos que fazer alguns esclarecimentos: em 26.12.1995 o Conselho Municipal
recebeu um ofício da FEBEM comunicando que as entidades prestadoras de serviços
que tinham convênio com a FEBEM, a partir do dia 31.12, não mais seriam
renovados esses convênios. Acontece que nós, o próprio Conselho e a própria
sociedade, entendemos que o Estado tem a obrigação de se autodefinir, e ao
mesmo tempo, fazer a sua reavaliação de todos os seus programas. Porém, deve
também nesse meio tempo dar períodos para as entidades que trabalhavam com a
FEBEM, para que as mesmas tenham possibilidade de se auto-avaliarem e
continuarem os seus programas. E esse tempo não foi dado para as
entidades, por quê? Todas
a entidades tinham
convênios e esses
convênios
rezam que havia necessidade por parte da FEBEM, ou pelo Estado, do aviso prévio
de 6 meses para serem cortados esses convênios. Porém as entidades que
trabalhavam em convênio com a FEBEM só receberam o ofício datado do dia
27.12.1995. Período insuficiente para reavaliarem esses trabalhos.
Quanto às entidades que não tiveram mais seus convênios reafirmados
pela própria FEBEM, nós vamos dar a relação das de Porto Alegre: Escola
Formação Profissional é a primeira, com 60 adolescentes; Pequena Casa da
Criança com 200 crianças; Associação dos Moradores da Vila Jardim Europa com 40
crianças; Centro Comunitário Vila Orfanotrófio I com 50 crianças; Associação
dos Moradores da Vila Orfanotrófio II com 40 crianças; Sociedade Pobres Servos
da Divina Providência, onde está incluído o Albergue João Paulo II com o
atendimento de 50 crianças; O Centro Social Padre João Calabre com 22 alunos da
FEBEM.
Nós queremos também registrar que essas entidades em dezembro,
propriamente, rematricularam os adolescentes encaminhados pela FEBEM e
continuam com esses adolescentes, porém, sem nenhum convênio em 1996. Para as
entidades foi colocado que deveriam encaminhar através do Conselho Municipal da
Criança e do Adolescente ofício para que esses encaminhamentos fossem feitos e
esses convênios fossem assinados.
Quando estivemos na FEBEM e agora, há poucos dias, na Secretaria do
Trabalho e Ação Social, conversamos com a Dona Noemi Quintana e esta nos
colocou uma situação que deixou as próprias entidades e o Conselho Municipal
numa situação mais difícil ainda, porque soubemos que o Fundo Estadual de
Assistência Social não foi, ainda, regulamentado. As entidades particulares, as
entidades que trabalham com assistente social, vem solicitar dos Senhores uma
ação política, porque a regulamentação do Fundo vai depender dos Senhores.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Sra. Nelcinda Aguirre da
Silva, Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente, está com a palavra.
A SRA. NELCINDA AGUIRRE DA
SILVA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores, nós estamos aqui para fazer
este pronunciamento em que fomos chamados para prestar informações sobre os
recursos do Estado.
Nós não temos nenhuma novidade para passar aos Senhores sobre o recurso
do Estado. Quando estivemos, na semana passada com a D. Noemi Quintana,
perguntamos sobre o orçamento do Estado, aonde está aquele dinheiro que era
repassado para as entidades que trabalham com assistência social. Não obtivemos
nenhuma resposta. Nós sabemos que o Estado tem o seu orçamento próprio. Agora,
esses recursos que o Anairto falou se referem aos recursos do Estado, aos resíduos
da ex-LBA e ex-CBIA.
Não temos também notícias sobre o refeitório no Centro Vida, para 700
crianças. Não há registro dessas iniciativas junto ao Conselho. Nós, sociedade
civil, estamos muito preocupados com a situação das crianças e adolescentes que,
antes recebiam recursos do Estado, alimentação do Estado, recebiam os
estagiários para trabalhar nas entidades, hoje não recebem mais esses recursos
financeiros e humanos e que estão, simplesmente, fechando as suas portas,
fechando os seus atendimentos por falta desses recursos.
Também temos uma pergunta sobre qual a situação dessas entidades, quais
as entidades que firmaram algum convênio através de que órgão? As entidades que
tinham convênio com a FEBEM em 1995 não firmaram convênio com ninguém ainda. A
pequena recebeu recurso que era referente ao convênio dela em 1995 com a LBA,
foi quando ela foi para o jornal, para a televisão, ela recebeu um título de
adiantamento, creio eu, não sei de que maneira. Na semana passada veio o
recurso, de certo, ela deve ter pago. Então, nós estamos na mesma situação que
os Senhores, eu creio, sem informações. Estamos aqui para mais algumas
perguntas que os Senhores quiserem fazer. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. José Valdir.
Dez minutos com V. Exa.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, prezada Sra. Nelcinda, companheira representando o Conselho
Municipal da Criança e do Adolescente. Quero, desde já, agradecer ao Conselho
por ter aceito o convite para vir prestar os esclarecimentos neste Plenário,
porque estamos numa situação extremamente grave nesta Cidade de Porto Alegre e
em todos os municípios deste Estado. Há pouco tempo nós discutíamos aqui, e a
Administração Popular era criticada, porque não aumentava o número de convênios
extraclasse de 24 para 40, o que acabou acontecendo por negociações junto ao
Conselho e ao Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Nós estamos numa situação em que ao mesmo tempo que o Município aumenta
seus convênios, faz todo o reordenamento institucional que está previsto no
Estatuto da Criança e do Adolescente e está previsto na LOAS, repassa os
recursos, faz convênios com as instituições; quer dizer, começa a implementar
uma rede de atendimento à criança e ao adolescente no Município de Porto Alegre
de um lado, o Estado começa a tirar o tapete do outro, a se desobrigar, cortar
convênios, numa interpretação, ao meu ver, completamente equivocada do que seja
a municipalização, como, inclusive já foi muito bem colocado e frisado na nota
do Conselho.
Vejam que até hoje o Estado não conseguiu fazer o seu reordenamento
institucional conforme prevê a Lei nº 8.069 de 13.07.90 que é a Lei Federal que
cria o Estatuto da Criança e do Adolescente, porque até hoje não conseguiu
aprovar um projeto de lei criando um Fundo Municipal da Criança e do
Adolescente. Foi uma briga para que o Fundo fosse para o papel no ano passado;
e agora não consegue sair do papel, porque não tem recurso, não tem estrutura.
Enquanto isso, o Município, tão criticado, constituiu o seu Fundo, o Conselho,
os Conselhos Tutelares, ampliando os convênios, inclusive, com pedido dos
Vereadores desta Casa; e o Estado não paga o reordenamento institucional, o
Fundo não funciona por falta de condições operacionais, pois não tem as mínimas
condições para o seu funcionamento. O Estado vai atirando suas
responsabilidades para cima do Município, fazendo os cortes completamente sem
diálogo, sem democracia, numa posição unilateral, como fez no ano de 1995,
quando cortou os convênios.
Essa demanda recai, obviamente, sobre o Município. O Estatuto é bem
claro; a Lei nº 8069, no art. 86 estabelece que a política de atendimento à
criança e ao adolescente se faz através de um conjunto articulado de ações
governamentais e não-governamentais da União, dos estados e dos municípios. No
art. 90 se estabelece os famosos sete regimes de atendimento, nos quais as
entidades governamentais e não-governamentais devem inscrever seus programas
nos conselhos municipais do direito das crianças e dos adolescentes. Isso
também não vem ocorrendo com o nosso Estado, porque a maior parte dos
programas, como os programas alardeados no centro Vida, ocorrem por fora sem
obedecer a forma legal. Portanto o Estado não faz o reordenamento, não destina
recursos, corta recursos em nível de Município e não cumpre a Lei, quando
encaminha o descumprimento do art. 90. O Estado tem uma política extremamente
contraditória, porque, ao mesmo tempo em que a FEBEM afirma que a política é
para o adolescente infrator e para as crianças e adolescentes portadoras de
deficiências especiais e que o atendimento sócio educativo meio aberto será
passado para o Município, enquanto implementa essa política que, em tese eu
concordo, é correta, por outro lado a FGTAS, através do Centro Vida, faz
exatamente o contrário, porque implementa a política do atendimento
sócio-educativo meio aberto, lá no Centro Vida. Então, o próprio Governo do
Estado tem uma política contraditória: de um lado afirma uma coisa, de outro
lado faz outra.
Isso é grave, porque por trás disso está uma visão de municipalização
que é uma prefeiturização dos problemas, que consiste no estado simplesmente de
forma burocrática repassar os recursos em nível da educação, da saúde, da
assistência social para os municípios, simplesmente repassar os encargos e não
passar os recursos.
A visão que está por trás dessa municipalização é de prefeiturismo,
troca apenas de gerente, aqueles programas que, antes eram do Estado, passam
para o Município. O espírito da municipalização não é esse, o espírito da
municipalização é uma redistribuição de competências onde o Estado, a União e
os municípios, cada um, têm competências específicas, onde cada um tem que
passar recursos via os respectivos fundos, repassar para o Fundo Estadual da Criança
e do Adolescente, para o Fundo Municipal, na área da assistência para o Fundo
Estadual e para o Fundo Municipal. Aliás, o Estado não implementou nem o
Conselho Municipal de Assistência Social e nem o Fundo de Assistência Social; o
Município, inclusive, já está fazendo as eleições das classes para a
constituição do Conselho de Assistência Social. Isso é grave, pois o que
estamos vendo não é a municipalização que defendemos, uma municipalização para
aproximar os serviços do cidadão para que eles tenham condições de qualificar
as políticas sociais, fazer com que as políticas sejam cada vez mais eficazes,
o que estamos vendo é um desobrigar-se por parte do Estado, fazendo recair os
ônus da política sobre o Município, não lhe dando condições, desobrigando-se e,
conseqüentemente, colocando uma coisa muito séria, que brevemente, se esse
processo não for revertido, nós vamos visualizar nesta e em todas as cidades um
sucatamento e um decréscimo de qualidade, o contrário exatamente do que nós
queríamos com a municipalização, que é um aumento da qualidade, uma maior
controle social, uma maior participação popular.
O que estamos vendo é que essa política repete nos traços gerais a
política neoliberal do estado mínimo, onde as bandeiras importantes que foram
levantadas, como a da descentralização do serviço da administração pública são
desfiguradas e essa descentralização é feita com esse nome, mas a transferência
de responsabilidade, o sucatamento do serviço público e a desobrigação por
parte do Estado de manter políticas efetivas nas áreas sociais.
Isso é muito sério e esta Casa tem que começar a discutir essas
políticas sociais, como é o caso da assistência social, da educação e da saúde,
de forma mais global, e não apenas discutindo a questão apenas do ponto de vista
do Município, porque existe uma concepção que norteia hoje, que foi um avanço
na última Constituição Brasileira que é a questão da municipalização, mas se
ela não for bem encaminhada, ela vai se voltar contra aquilo que exatamente
pretendíamos com ela, vai acabar levando água para esse moinho, para essa idéia
que é do estado mínimo, do Estado que se descompromissa com as políticas
sociais, e vamos assistir a um sucatamento ainda maior do serviço na área da
assistência, da saúde e da educação. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Lembro aos Srs. Vereadores
que na próxima sexta-feira nós vamos receber a Presidente da FESC, que propôs
uma parceria da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, com a Câmara de
Vereadores, numa campanha conjunta para a Campanha do Agasalho do próximo
inverno. Ela está aqui, já nos encaminhou uma proposta de trabalho, e nós a
convidamos para comparecer à Sessão Plenário, na próxima sexta-feira. Todos
aqueles projetos do interesse da Cidade, são motivos de aplauso e bem-vindos
nesta Casa, com certeza.
A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra, em Liderança.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, porto-alegrenses que nos acompanham nesta tarde. Queria dizer a
nossa companheira Nelcinda Aguirre da Silva que é uma satisfação muito grande
recebê-la e receber o Conselho Municipal dos Direitos da Criança, de quem esta
Casa sempre esteve tão próxima.
Queria recolocar algumas coisas que o Ver. José Valdir falou; primeiro,
lembrando o Vereador que o tempo inteiro do seu discurso, cometeu o ato falho
de cada vez em que se referiu ao Conselho Estadual do Direito da Criança, dizer
Conselho Municipal do Direito da Criança. O Conselho é Estadual, o Projeto foi
aprovado pela Assembléia Legislativa, conforme o Senhor que é um Vereador da
área deve conhecer. Depois dizer o seguinte, o momento é de aprofundar,
evidentemente, a discussão da municipalização da assistência da loa, das
responsabilidades; aprofundar mais esse discurso do que apenas repetir o velho
chavão “prefeiturização ou municipalização”.
Acho que um País que acumulou ao longo dos séculos a dívida social com
a sua população, não vai, de um momento para outro sanar essas dívidas, apesar
do esforço que, hoje, é feito em Porto Alegre pela Prefeitura Municipal, e
feito também no Estado do Rio Grande do Sul pelo Governo do Estado do Rio
Grande do Sul. Se, hoje, o processo de municipalização e de integração dessas
ações e repasse dessas atribuições não foram feitos, com a velocidade que,
talvez, devesse ser feito, o Senhor, enquanto Presidente da FESC, sabe muito
bem das dificuldades que ocorreram. Queria dizer também que a avaliação que os
profissionais da área fazem nesta Cidade é que, depois, da sua saída da FESC,
facilitou, e muito, este processo. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário
está com a palavra, em tempo de Liderança.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Sras.
Vereadoras e Srs. Vereadores, Srs. Representantes do Conselho Estadual dos Direitos
da Criança, através da Sra. Nelcinda Aguirre da Silva, há uma representação
ampla do Conselho. É uma alegria tê-las aqui. Foi muito oportuno o
encaminhamento dessa solicitação pelo Ver. José Valdir. Aqui, na defesa de que
o Conselho viesse ao Plenário, dissemos que essa não era qualquer questão, mas
uma questão de fundo. E se de fato o Estatuto e o nosso discurso vem sendo de
que criança e adolescente deve ser prioridade, o atendimento no Plenário dessa
demanda – eu quero registrar à Presidenta do Conselho -, é também uma
sinalização de como essa matéria está sendo tratada de uma forma especial, na
medida em que raros temas têm sido trazidos para debate direto no Plenário, a
não ser pela Tribuna Popular ou por outros mecanismos.
Eu quero dizer sobre essa questão que não estamos só falando em cifras
e nem somente da responsabilidade dessa ou daquela esfera. Nós estamos falando,
objetivamente, quando abordamos essa questão, dos convênios e do fim
do repasse de recursos para entidades comunitárias da
sociedade. Nós estamos falando de pessoas, de crianças e de adolescentes que
estão deixando de ter aquele atendimento, mesmo precário que tinham, de creche,
de extraclasse, um lugar para passarem o dia, um lugar para suas mães e seus
pais os deixarem ao irem trabalhar, um espaço digno que possam ficar sob o
cuidado de pessoas adultas e algum atendimento, por mais precário que seja,
pedagógico, de saúde; um atendimento mais amplo do que elas tenham em suas
casas. Estamos falando do atendimento de crianças e adolescentes das parcelas
excluídas da população, e que aqui, mais uma vez, por uma política determinada,
são deixadas de lado e têm aprofundada a sua situação.
Então, Presidenta Nelcinda, eu faço questão de me referir que nós temos
que olhar para essa situação, Srs. Vereadores, na perspectiva de contribuirmos
para resolução desse problema ou seja, não podemos permitir em Porto Alegre a
omissão, a negligência de qualquer esfera do Poder Público em relação ao
atendimento de criança e adolescentes. Se nós denunciamos, em diferentes
épocas, que esse atendimento é muito precário, terminar-se simplesmente com
convênios que até hoje existiram, a exemplo do que o Governo Federal fez -
terminando com a LBA e com o CBIA -, é colocar sobre as crianças e os adolescentes
e aqueles que assumiram a responsabilidade do atendimento direto, não
raramente, na maior parte das vezes, entidades da sociedade civil, que vão
deixar de atender. É por isso, Sr. Presidente, que nós queremos estudar mais
profundamente o caso. A Comissão de Direitos Humanos desta Casa já recebeu do
Conselho Municipal dos Direitos da Criança, digo isso ao Ver. José Valdir,
convidando-o para participar em todos os momentos conosco e que, inclusive, fez
contato com a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, para que,
conjuntamente, façamos a discussão com a FEBEM, com o CEDICA, com o Conselho
Municipal e todas as entidades que têm atendimento, para no dirigirmos, a
partir de um estudo da questão, ao Governo do Estado, à sua instituição FEBEM,
para a continuidade desses convênios num nível superior ao que observamos nos
dias de hoje.
Falo isso em nome da nossa Comissão, que é quem diretamente tem
articulado essa demanda, pois estamos buscando esse trabalho conjunto.
Portanto, nos colocamos à disposição para a continuidade desse movimento aqui,
no âmbito da Comissão de Direitos Humanos, para darmos o encaminhamento
necessário, que é, sem dúvida nenhuma, aquele que mais interessa as nossas
crianças e adolescentes na Cidade de Porto Alegre, e que cada esfera de poder
cumpra a sua responsabilidade. Se não estiver cumprindo, estamos aqui, está
aqui a população, as entidades não-governamentais para dizer exatamente o que
não está sendo cumprido e reivindicar que seja feito diferente. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Não há mais Vereadores
inscritos. Queremos agradecer ao Professor Anairto, à Presidente do Conselho
Municipal da Criança e do Adolescente, Dona Nelcinda, que tem estado com
freqüência aqui nesta Casa, atuando com muita presença nos assuntos que dizem
respeito ao Conselho que preside. Vamos suspender por dois minutos a Sessão
para as despedidas.
(Os trabalhos foram suspensos às 15h15min.)
O SR. PRESIDENTE (às
15h19min): Estão
reabertos os trabalhos.
Passamos à
1ª SESSÃO
PROC. 1195/96 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
021/96, que
cria funções gratificadas no Quadro de Funções Gratificadas Específicas do
Magistério Público Municipal e cria funções gratificadas no Quadro de Funções
Gratificadas da Administração Centralizada, e dá outras providências (Diretores
e Vice-Diretores.)
2ª SESSÃO
PROC. 1078/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
056/96, de
autoria do Ver. Fernando Záchia, que acrescenta os incisos V e VI ao § 1º do
art. 7º, inclui o Capítulo IX e o art. 34 na Lei nº 7234, de 19 de janeiro de
1993, que define normas para regulamentação da propaganda ao ar livre no
Município de Porto Alegre.
PROC. 1196/96 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
022/96, que
declara de utilidade pública a Escola Maria Goretti – 1º Grau.
PROC. 1198/96 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
024/96, que
declara de utilidade pública a Associação de Pais e Amigos do Centro Abrigado
Zona Norte – APACAZON.
3ª SESSÃO
PROC. 0465/96 – SUBSTITUTIVO
Nº 01, de autoria do Ver. Giovani Gregol, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 008/96, que cria o Cadastro de
Veículos de Tração Animal no Município de Porto Alegre, e dá outras
providências.
PROC. 0791/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
036/96, de
autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que denomina Rua Mestre Macedinho um
logradouro irregular localizado no Bairro Nonoai.
PROC. 0970/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
051/96, de
autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que concede o título honorífico de Cidadão de
Porto Alegre ao Senhor Boris Wainstein.
PROC. 1003/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
054/96, de
autoria do Ver. Elói Guimarães, que estabelece área de desembarque livre
noturno de passageiros, no serviço de transporte coletivo, por ônibus, no
Município.
PROC. 1004/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
055/96, de
autoria do Ver. Elói Guimarães, que institui o sinal luminoso intermitente nos
semáforos do Município.
PROC. 1026/96 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
020/96, que
cria funções regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho, pertencentes ao
Quadro Celetista em Extinção, na Administração Centralizada do Município, e dá
outras providências.
PROC. 0480/96 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº
010/96, de
autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que autoriza o Poder Executivo a implantar
uma pista exclusiva para ciclistas, entre a Av. Baltazar de Oliveira Garcia e a
Usina do Gasômetro, denominando-a “Ciclovia do Trabalhador”, e dá outras
providências.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, falar em Pauta é uma coisa extremamente importante na vida do
Legislativo Municipal e principalmente de um Legislativo que faz uma seqüência
enorme de leis autorizativas ao Prefeito Municipal de Porto Alegre e autoriza o
Prefeito a fazer aquilo que ele pode fazer. Ele não precisa de projetos de lei
autorizando o que ele pode fazer dentro do que preceitua o art. 94, da Lei
Orgânica.
O Prefeito está criando cargos de Diretor de Escola de Primeiro Grau,
Diretor do Centro Municipal de Educação Trabalhadores de Porto Alegre, são três
vagas, Vice-Diretor, mais três vagas para escolas de Primeiro Grau e para o
Centro Municipal de Educação Trabalhadores, CEMET, como que a dizer ao
Vereador: “não se mete”. O Prefeito faz a criação do CEMET por decreto e acho
que é um pouquinho mais do que aquela atribuição que ele tem de fazer novas
escolas. É um novo serviço dentro da Secretaria Municipal de Educação, eu
espero. Esta Casa não foi ouvida. Não houve a necessidade de um projeto de lei
autorizativo de Vereadores. O Prefeito diz que não devemo-nos meter porque ele
faz aquilo que deve ser feito para a boa administração da Cidade, embora muitas
vezes não administre muito bem. Não sei se ele poderia fazer o CEMET pura e simplesmente
através de um decreto, sem que a Câmara tivesse a sua participação, mas como a
Câmara autoriza tanto, ele se achou autorizado e o fez.
Meu amigo, nobre Ver. Elói Guimarães, eu ainda estou preocupado com
aquele sinal intermitente nas sinaleiras como pretende fazer, o verde e o
vermelho piscando. Na madrugada de hoje, eu ainda via, em grande parte da
Cidade, os semáforos com a luz amarela.
Tenho dúvidas, nobre Vereador, quanto à utilização do sinal
intermitente verde para um lado e vermelho para o outro. V. Exa. deve ter
estudado o assunto, mas tenho minhas dúvidas. Foi por isso que disse que a
discussão da Pauta era importante, apesar de o Plenário estar esvaziado.
O Sr. Airto Ferronato: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu também li o Projeto do Ver. Elói Guimarães e
acredito que, se tecnicamente for possível, seja um bom Projeto para a Cidade,
já que a intermitência do sinal amarelo piscando tem causado uma série de
tragédias, até pela irresponsabilidade do motorista de Porto Alegre.
O SR. JOÃO DIB: Nobre Ver. Airto Ferronato,
não tenho dúvidas quanto à viabilidade técnica do Projeto. Tenho dúvidas quanto
à sua viabilidade jurídica, quanto à utilização do sistema ante o Código
Nacional de Trânsito e seu regulamento.
Nunca vi isso em lugar algum e não sei se seria uma boa solução, pois
poderia confundir os motoristas. Mas que é eletronicamente possível, é. Mas não
sei se daria o resultado que o Ver. Elói Guimarães procura, que é o de diminuir
o número de acidentes, profundamente meritório.
Quanto à autorização para as ciclovias, o Prefeito não precisa de
autorização para fazer ciclovias. Ele só não vai fazê-las. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é
o Ver. Nereu D'Ávila. Ausente. O seguinte seria o Ver. Reginaldo Pujol. Ausente. Ver. Artur Zanella. Ausente. Ver. José Valdir.
Ausente. Ver. João Verle. Ausente. O Ver. Giovani Gregol está com a palavra,
para discutir a Pauta.
O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Quero, em primeiro lugar, falar de um projeto de minha autoria, que
é Substitutivo de nº 1 ao Projeto de Lei do Ver. Luiz Braz, que trata da
regulamentação de veículos de tração animal. Até para também chamar a atenção
da Casa, Ver. Zuanazzi, sobre esse problema. Nós sempre somos consultados pela
imprensa, pelos eleitores, pelos cidadãos em geral sobre determinado assunto,
e, às ezes, não sabemos responder. Este
assunto, também, é recorrente na Casa, estou aqui há quase 8 anos e
muito tenho ouvido falar nesse assunto de proteção especificamente ao cavalo,
aos animais quadrúpedes cavalares, sobre carroças, carroceiros; pois agora,
finalmente, a Casa tem a oportunidade de fazer um debate mais aprofundado e
qualificado e votar esses projetos. No ano passado o Ver. Luiz Braz protocolou
um projeto regulamentando o assunto, eu fiz um substitutivo, depois foram
arquivados. Neste ano nós tentamos desarquivar; não foi possível. O Ver. Luiz
Braz apresentou um terceiro projeto, resgatando coisas dos dois projetos anteriores,
tanto do dele como do meu, e agora estou apresentando, novamente, um
substitutivo. O meu Projeto, o Substitutivo nº 1, do ano passado, teve uma
preocupação muito grande – como vocês sabem que eu sempre tenho e trabalho
conjuntamente com as entidades protetoras dos animais – com a segurança do
trânsito, mas não só, também com a segurança do carroceiro, com a proteção do
animal, porque sem ele não há a atividade do carroceiro, não há como a carroça
andar. E também tive, e tenho, ao elaborar o projeto, uma preocupação muito
grande com a viabilização econômica da atividade que a maioria ou a totalidade
dos carroceiros exerce, pelo menos na nossa Cidade de Porto Alegre. Estou muito
preocupado em dar viabilidade, em permitir, continuar permitindo, não proibir,
não inviabilizar a continuidade da atividade econômica que hoje essas pessoas
exercem. Tenho dito, e quero repetir, que o Projeto do Ver. Luiz Braz, talvez
seja eivado de uma preocupação excessiva com o aspecto “trânsito”, que é
justificada, ou seja, no sentido de que as carroças tenham uma regulamentação e
atrapalhem menos o trânsito, é a questão da responsabilização civil, penal, que
eu entendo fundamental, que está contemplada nos nossos dois Projetos.
Descobrimos, estudando o assunto, que o Código Nacional de Trânsito, do
qual tanto fala e do qual tanto se salva o Ver. João Antonio Dib, inclui as
carroças, que, na verdade, são uma classificação genérica entre veículos que
estão sob o jugo do CNT. Por exemplo: menor de 18 anos, portanto, não pode conduzir
carroça, Ver. Pedro Américo Leal, porque está afeito esse veículo também, assim
como outros, ao Código Nacional de Trânsito.
Por isso, essas coisas óbvias deixei fora do meu Projeto, porque
despiciendo, porque está claro – e eu digo na Exposição de Motivos – que está
sob a égide do CNT, que está em vigor. Ao regulamentar a atividade dos
carroceiros, podemos correr o risco de resolver o problema matando o doente, ou
seja, de inviabilizar economicamente o trabalho deles.
Por isso que no meu Projeto, ao contrário do Ver. Luiz Braz, que proíbe
o acesso físico dos carroceiros à região central da Cidade e às avenidas mais
importantes da Cidade, em qualquer hora do dia, não faço isso, porque entendo
que essa proibição vai, na realidade, impedir a sobrevivência deles. Faço uma
restrição de horário, mas não física, geográfica, porque é no Centro que eles
buscam o material reciclável: o jornal, o papel, o vidro, o plástico, a lata,
que são fontes da sua sobrevivência. Essa é a nossa maior divergência, vamos continuar
debatendo o assunto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrado o período de
discussão de Pauta. Liderança com o PTB, Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu vou discutir este problema das carroças em outro dia, mas as
colocações do Ver. Giovani Gregol demonstram bem o espírito do PT aqui neste
Plenário, pois só serve se o projeto for de autoria deles. Os demais Vereadores
desta Casa não podem fazer projeto. O Projeto das carroças foi de autoria deste
Vereador e, depois, resolvi reformulá-lo e peguei algumas idéias com o Ver.
Giovani Gregol, melhorando o Projeto. Ele deveria tratar o assunto através de
emenda, mas isso não ocorreu: Olha, o projeto é bom, é excelente, mas a autoria
tem que ser minha. Ótimo, Ver. Giovani Gregol!
Sr. Presidente, eu recebi, hoje, algumas informações sobre a reunião
que foi realizada, ontem, no Conselho Municipal dos Transportes. No mês de
dezembro, Ver. Elói Guimarães, nós aprovamos aqui um projeto que liberava a
publicidade nos ônibus e lotações, e fizemos uma emenda para que, também, fosse
para os táxis. O Sr. Prefeito Municipal não vetou o projeto, mas nós estamos
esperando a regulamentação daquela parte alusiva aos táxis. Foi regulamentada a
propaganda nos ônibus e táxi-lotação, mas com relação aos táxis não saiu.
Ontem, na reunião do Conselho eu fiquei sabendo o porquê disso. O que quer,
Ver. João Dib, a SMT? A SMT quer o seguinte: que cada táxi pague, de alvará,
para poder botar publicidade, o total de cinqüenta e seis reais. Mas não só
isso, cinqüenta e seis reais adiantados, o valor de todo o contrato que for
feito. Quer dizer, se for feito um contrato por seis meses, tem que adiantar
para a SMT o valor de todo o contrato. Ora, isso praticamente inviabiliza,
porque vai uma certa quantia para o táxi; tem o gasto para se fazer o painel
que vai em cima do táxi, para que se possa colocar a publicidade; e vão 56
reais para a Prefeitura, além dos impostos que são normais. O ISSQN, por
exemplo, vai incidir sobre esse serviço; é mais 5%. Na verdade, quem for
trabalhar nesse setor de publicidade para os táxis, vai acabar trabalhando para
entregar dinheiro para a administração petista.
A explicação que foi dada pelos administradores da Prefeitura para
cobrarem os 56 reais é de que a finalidade é criar um fundo para manutenção dos
pontos de táxi. Nós sabemos que a lei não cria nenhum tipo de fundo, que não
tramita nesta Casa nenhum projeto que fale sobre um determinado fundo que possa
levar o dinheiro especificamente para atender pontos de táxi.
Então, num ano de campanha, se cria um alvará que ou vai inviabilizar,
ou, se tiver um aventureiro que quiser entrar nesta história, vai entrar,
trabalhar e dar dinheiro para a administração do PT. Acho que o PT não quer que
a propaganda saia nos táxis; e aí deveria vetar o projeto que saiu aqui nesta
Casa – seria bem simples vetar a parte do projeto que falava sobre os táxis
e não
teria problema nenhum.
Mas como sancionou, demonstrou
que a administração também concorda que poderíamos ter a propaganda nos táxis,
assim como temos em ônibus e em táxis-lotações. E temos a partir do Projeto de
Lei que aprovamos em dezembro nesta Casa.
Eu gostaria de ouvir o Ver. João Dib, mas como estou em tempo de
Liderança não posso dar aparte. Eles, então, não vetam; sancionam, mas
inviabilizam, depois, querendo cobrar uma taxa que praticamente leva a
lucratividade da publicidade para as burras municipais. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mário
Fraga):
Havendo quórum, passamos à
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de
Ordem): Com
relação à CPI que tramita nesta Casa, sobre gastos públicos, eu sei que existe
na Comissão de Justiça um Requerimento feito pelo Ver. Henrique Fontana
solicitando que viesse a Plenário a votação para que a CPI pudesse existir, só
que a partir de ontem nós começamos a discutir um problema que é, na verdade,
um ato jurídico perfeito porque a CPI foi solicitada por 16 Vereadores, foi
deferida de acordo com o que manda o Regimento, e já foi instalada, não falta
nenhum ato para que ela inicie, ela já tem existência. Esse requerimento
formulado para a Comissão de Justiça ele não tem mais razão de continuar na
Comissão de Justiça e vir para este Plenário. Eu solicito a V. Exa. que
transfira esse problema que está na Comissão de Justiça para o âmbito da
Comissão Parlamentar de Inquérito que já está funcionando, que já tem vida
própria, para não fazermos nada contrário à legislação existente.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa solicita à
assessoria que responda a Questão de Ordem do Ver. Luiz Braz.
O SR. JOÃO MOTTA (Questão de
Ordem):
Para contraditar a Questão de Ordem do Ver. Luiz Braz, acontece que esse tipo
de recurso tem uma forma prevista no Regimento, se não me falha a memória, é o
art. 99, que prevê no seu parágrafo primeiro e segundo, que todo recurso
deferido pelo Presidente é remetido para a Comissão de Justiça para que essa se
pronuncie e será, então, remetido ao Plenário. Não há mais como nós
interrompermos, na metade, esse tipo de procedimento, porque ele é um ato
jurídico perfeito e regimental. Então, cabe-nos apelar ao Presidente da
Comissão de Justiça, Ver. Airto Ferronato, para que seja agilizado, assim como
está sendo agilizada a instalação da CPI, que foi instalada em doze horas, para
que o prazo de cinco dias, para pronunciamento do Relator Ver. Reginaldo Pujol,
não precise ser cumprido totalmente, assim como nós não aguardamos os cinco
dias para a instalação da CPI, apenas doze horas, pelo caráter de urgência.
Nós apelamos ao Presidente para que apele ao Ver. Reginaldo Pujol para
que não cumpra os cinco dias porque nós poderemos, amanhã, na Reunião Ordinária
da Comissão de Justiça, já, nos pronunciarmos a respeito do Parecer do Ver.
Reginaldo Pujol e remetê-lo ao Plenário na sexta-feira, que é o que está
previsto no art. 99, § 1º e 2º, do Regimento.
O SR. PRESIDENTE (Edi
Morelli):
Nós respondemos à Questão de Ordem do Ver. Luiz Braz: o Presidente da Casa,
Ver. Isaac Ainhorn, recebeu e deferiu o Requerimento, encaminhando-o à Comissão
de Justiça. Por orientação da Assessoria Legislativa, nós vamos aguardar o
Parecer da Comissão de Justiça da Casa.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de
Ordem): Sr.
Presidente, independe do Parecer da Comissão de Justiça o que eu estou
solicitando em Questão de Ordem. Independe, porque o Presidente aceitou o
requerimento sem efeito suspensivo. Ele deveria dar, naquele momento, efeito
suspensivo. Mas, como o aceitou sem efeito suspensivo, os atos continuaram. A
CPI foi instalada. Todos os atos jurídicos, necessários para que a CPI pudesse
existir, foram feitos. Por isso, nós já temos um ato jurídico perfeito que
independe do Parecer da Comissão de Justiça. Essa questão de ordem que faço é
no sentido de que essa questão passe a ser tratada no âmbito da CPI e não mais
no âmbito desse Plenário.
O SR. PRESIDENTE: Respondendo sua Questão de
Ordem, Ver. Luiz Braz: se ficarmos recebendo Questões de Ordem sobre este
assunto, vamos ficar a tarde toda, porque as opiniões são divergentes.
Neste momento, este Presidente dos trabalhos toma a seguinte atitude: pede à Assessoria Legislativa que faça o apanhado das notas taquigráficas e as encaminhe à Auditoria da Casa, para, então, dar uma resposta ao Plenário.
O SR. RAUL CARRION (Questão
de Ordem):
O art. 99 – é preciso lê-lo – diz o seguinte: “Recurso é o meio de provocar no
Plenário a modificação de decisão tida como desfavorável por ato da Mesa, da
Presidência ou das Comissões”. Então, não existe ato perfeito a que não caiba
recurso. Nesse caso, não cabe consulta; tem que continuar na Comissão de
Constituição e Justiça.
O SR. PRESIDENTE: Quero dizer que se V. Exa. acha que não cabe consulta, este Presidente dos trabalhos considera assim. Vou consultar a Auditoria da Casa para responder a Questão de Ordem.
O SR. RAUL CARRION: A segunda questão é a seguinte: solicitei o meu afastamento dessa Comissão ao Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: V. Exa. não está fazendo uma Questão de Ordem. V. Exa. está dando uma explicação pessoal do por quê enviou um ofício, afastando-se da CPI. Como Líder da sua Bancada, use, para isso, a Liderança do seu Partido. A Mesa não vai aceitar explicação pessoal.
O SR. RAUL CARRION (Questão de Ordem): Sr. Presidente, não me expressei bem. Não estou dando explicação; estou fazendo uma consulta que é a seguinte: eu pedi o meu afastamento e continuo sendo convocado para essa Comissão. Qual é a explicação da Mesa?
O SR. PRESIDENTE: A explicação é que nos trâmites legais do Regimento, V. Exa. não tem como solicitar o seu afastamento da maneira como V. Exa. fez.
O SR. RAUL CARRION: Como não tenho, se o PTB indicou uma pessoa e, no mesmo protocolo, desindicou outra? Então, há possibilidade de modificação.
O SR. PRESIDENTE: Para esclarecer V. Exa. e
encerrar o assunto: o Presidente da CPI só recebeu a comunicação do seu
desligamento após ser instalada a CPI.
O SR. RAUL CARRION: Comuniquei ao Presidente da
Casa, o horário está marcado e quem decide é o Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Se V. Exa. permanecer com
ataque de nervos vamos suspender a Sessão. V. Exa. se porte adequadamente.
O SR. RAUL CARRION: Então, não corte o som.
O SR. PRESIDENTE: Corto, porque não é Questão
de Ordem.
O SR. WILTON ARAÚJO (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, Srs. da Mesa, Srs. Vereadores, em auxílio à Mesa gostaria de
dizer sobre a questão que o nobre Ver. Raul Carrion levanta, concordo em
número, gênero e grau com a decisão tomada pela Mesa e pela Presidência, porque
não poderia ser de outra forma, dado que o Regimento garante o direito de
participação de todos os partidos, proporcionalmente nas comissões instaladas
nesta Casa. É bem recente, e está na nossa memória a briga, a vontade, a luta
desta aguerrida e brava Bancada do PC do B, para ser assim considerada como
Bancada.
Nesse sentido não há como desligar o direito do dever de participar.
Sugeriria ao Ver. Raul Carrion, pois que há remédio regimental para ser
excluído da Comissão, é não aparecer em determinado número de sessões
sucessivas.
O SR. JOÃO MOTTA (Questão de
Ordem): Só
para registrar a minha concordância com o encaminhamento prudente de V. Exa.
que é encaminhar a Questão de Ordem do Ver. Luiz Braz para a Procuradoria.
Como V. Exa. vai se valer dos apanhados taquigráficos, quero registrar a lembrança do art. 80 da Lei Orgânica do Município que prevê: todos os atos da Mesa, da Presidência e das Comissões estão sujeitas à decisão do Plenário, desde que haja recurso a esse.
Portanto, combino o art. 80 com o art. 99, parágrafo 1º para justificar
que certamente o encaminhamento da Mesa será por não acatar a Questão de Ordem
do Ver. Luiz Braz por estas razões.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa já tinha tomado essa
decisão de encaminhar as notas taquigráficas para a Auditoria da Casa dar a sua
posição para que a Mesa responda ao Plenário.
O SR. JOÃO DIB (Questão de
Ordem): Sr.
Presidente, o Ver. Luiz Braz faz uma Questão de Ordem pedindo que o Recurso
proposto pela Bancada do PT seja retirado da Comissão de Justiça. Eu não tenho
nenhuma dúvida de que isso não pode acontecer de parte da Presidência, não tem
que levar à Auditoria, è uma decisão a ser tomada pela Comissão de Justiça.
Mas, Sr. Presidente, o assunto é extremamente importante para toda a Casa, para
toda Cidade, e nós não podemos deixar de examinar toda e qualquer questão, até
porque nós não queremos que amanhã digam que nós procedemos mal. Eu acho que a
Comissão de Justiça deve dar a sua opinião o mais rápido possível, para que nós
com tranqüilidade possamos prosseguir com a Comissão Parlamentar de Inquérito.
Caso contrário, nós ficaremos sempre com a pendência, está certo, ou não está
certo, o recurso cabia, ou não cabia. Eu acho que nós temos a obrigação de
definir isso o mais rápido possível para que possamos com tranqüilidade
procedermos os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito, que deve ser
integrada por todos os seus titulares.
O SR. PRESIDENTE (Isaac
Ainhorn):
Nós gostaríamos de informar, sobre a Questão de Ordem formulada pelo Ver. Luiz
Braz, sem prejuízo da manifestação da Auditoria da Casa, que foi determinada
pelo Vice-Presidente da Casa, Ver. Edi Morelli! Esta Presidência entende, é uma
posição pessoal desta Presidência, que nesta matéria, e dentro de uma
legalidade jurídica plena, não há ato jurídico perfeito nisso. A matéria de ato
jurídico perfeito é matéria de direito substantivo, e nós estamos enfrentando questões
de direito adjetivo, de natureza processual. Este Vereador recebeu efetivamente
o recurso e deu processamento ao recurso sem efeito suspensivo. Mas se a
Comissão de Justiça, ou o Plenário buscar outro caminho, evidentemente que ele
poderá ser perseguido. O que não poderia haver, e por esta razão esta
Presidência recebeu, sem efeito suspensivo, era a interrupção de uma
solicitação, amparada no direito líquido e certo de instalação de uma Comissão
Parlamentar de Inquérito: assinatura de onze Vereadores e o preenchimento de
todos os requisitos legais para a instalação da CPI. Então, esta Presidência
foi ágil, dinâmica e da mesma maneira o foi com relação ao recurso que recebeu
e imediatamente encaminhou, com solicitação de urgência da matéria, à Comissão
de Constituição de Justiça. Portanto, quanto mais rápido a Comissão de
Constituição e Justiça definir a matéria é melhor, tanto melhor para o
andamento dos trabalhos desta Casa e notadamente da CPI, que já acha-se
instalada e desenvolvendo seus trabalhos.
O SR. AIRTO FERRONATO
(Questão de Ordem): Enquanto Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, eu gostaria
de registrar que recebemos o Requerimento na segunda-feira à tarde, quase por
volta das 18 horas, e imediatamente na terça-feira distribuímos a matéria, como
não poderia deixar de ser. Temos duas posições: uma que pretende retirar o
processo da Comissão e outra que pede a aceleração do processo na Comissão. Nós
adotamos as medidas cabíveis, imediatamente distribuímos e o Ver. Reginaldo
Pujol, como Relator, tem de dar o seu parecer. Uma vez tendo o parecer do Ver.
Pujol nós partiremos para a votação. Tenho a certeza de que não será a Comissão
de Justiça que tardará o processo.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA
(Requerimento): Sr. Presidente, na condição de Presidente da Comissão de Educação
nesta Casa solicitamos a V. Exa. há cerca de 30 dias a possibilidade da
Comissão de Educação fazer um evento envolvendo a discussão da questão das
drogas, nesta Casa. V. Exa. verbalmente nos disse que colocássemos o Projeto
para frente que teríamos todo o apoio dessa Presidência. Há cerca de 15 dias eu
encaminhei formalmente um documento a V. Exa. de que o evento seria realizado
no dia 24 e 25 de maio. Pela falta de decisão de V. Exa., não temos mais como
realizar o evento que teria a participação de Secretários Municipais,
Estaduais, Senadores, enfim. Estamos inviabilizados com as datas, não existindo
mais prazo legal para fazer. Estamos transferindo para 28 e 29 de junho.
Estamos solicitando a V. Exa. que diga o que a Câmara de Vereadores de Porto
Alegre pode, enquanto Mesa Diretora, atender a Comissão de Educação. O que não
podemos, Sr. Presidente, é ficar indefinidamente aguardando o dia que V. Exa.
resolva, quando mais lhe convier, tomar esse tipo de decisão porque, aí,
inviabiliza o trabalho das Comissões.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, nós temos uma
posição na Mesa de dar todo o respaldo às Comissões Permanentes e Temporárias
da Casa. Agora, agiremos estritamente dentro das normas legais, regimentais, de
natureza orçamentária e de natureza licitatória que exigir. É evidente que
vamos colaborar, podes crer, Vereador, e dentro dos propósitos de uma Comissão
da envergadura de V. Exa., assim como das demais, existindo rubrica
orçamentária para tal e em relevância ao assunto tratado por V. Exa., não só
este Presidente, mas a Mesa Diretora promoverá os atos, inclusive vai colaborar
para procurar atender V. Exa. e que, certamente, deve ser uma posição não só do
Presidente da Comissão, mas, acredito, do Vice-Presidente e da própria
Comissão. Nós vamos, evidentemente, não tomar uma decisão sozinho, mas também
nesses assuntos estamos ouvindo o conjunto da Mesa Diretora nos trabalhos.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Nobre Presidente, nesse
ínterim V. Exa. já teve reunião da Mesa Diretora e não colocou a matéria em
discussão.
O SR. PRESIDENTE: Certamente a matéria não
estava suficientemente instruída pelas Diretorias da Casa. A Mesa não vai
estabelecer diálogo. Já manifestou uma posição clara e está à disposição do
Presidente da Comissão de Educação para tratar desse assunto na Presidência ou
no próprio Gabinete do Vereador.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Só quero esclarecer, Sr.
Presidente, que tivemos que desmarcar com 2 Secretários de Estado, 1 Municipal,
2 Senadores, o evento porque não tivemos resposta da Mesa Diretora da Casa.
O SR. PRESIDENTE: Terá oportunamente, Nobre
Vereador.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de
Ordem): Sr.
Presidente, eu quero chamar a atenção dos Srs. Vereadores, principalmente
aqueles que estão na Comissão Parlamentar de Inquérito que, como a Comissão foi
instalada ontem, o prazo já começou a correr. Nós temos, na verdade, uma
Comissão que está funcionando nesta Casa, como nunca, na verdade, nos 14 anos
que estou aqui, eu pude presenciar uma comissão que não pode tomar nenhum tipo
de deliberação, porque a Comissão Parlamentar de Inquérito é a mais forte que
tem na Casa e sobre ela pesa a possibilidade de ser desfeita de um momento para
outro. É por isso que solicitei na Questão de Ordem que fiz ao Ver. Edi
Morelli, que estava na Presidência dos trabalhos, que nós pudéssemos transferir
esse Requerimento para o âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito, já que
ela está funcionando. Ou então, nós temos agora um corpo diferente e estranho a
tudo aquilo que temos no Regimento Interno da Casa.
O SR. PRESIDENTE: Informo a V. Exa. que a
Comissão, que ontem foi instalada, pode desenvolver com absoluta tranqüilidade
os seus trabalhos, uma vez que o recurso, que é um direito legítimo
dentro da estrutura regimental e legal desta Casa, é assegurado e foi por essa
razão que com prudência, com responsabilidade e com critério, para que ela
pudesse desenvolver os seus trabalhos, é que esta Presidência recebeu o recurso
de cinco Vereadores petistas sem efeito suspensivo.
O SR. HENRIQUE FONTANA
(Questão de Ordem): Eu também faço uma solicitação à Mesa, não só ao Presidente como ao
Presidente da CCJ e ao Relator designado que está avaliando o nosso recurso e
talvez isso auxilie a resolver a preocupação do Ver. Luiz Braz; porque, de
fato, pela gravidade do tema da instalação de uma CPI e pelo fato de haver um
recurso que foi aceito corretamente sem efeito suspensivo, mas que termina
tendo na lógica política a necessidade ou a preferencialidade de que fosse
analisado antes da Comissão desenvolver os seus trabalhos, nós apelamos – e é a
título de apelo que podemos colocar isso, porque não há outra forma regimental
– ao Presidente da Casa, já conversamos com o Presidente da CCJ e também com o
relator designado, para que a Comissão se reunisse amanhã e colocasse na sua
Pauta a análise deste Parecer do nobre Ver. Reginaldo Pujol que está designado
para tanto. Portanto, na sexta-feira já poderíamos ter no Plenário da Câmara a
avaliação do recurso colocado pela nossa Bancada, nesta Casa.
O SR. PRESIDENTE: Esta Presidência quer
esclarecer que dentro da competência que lhe é própria tão logo recebeu o
recurso, imediatamente encaminhou ao Presidente da CCJ que, imediatamente, num
prazo de urgência, designou o Relator. A Presidência faz um apelo ao Relator
que não use o seu tempo regimental, para que se possa encaminhar o mais rápido
possível, é claro que respeitamos a individualidade e o direito que tem o
Vereador no seu critério pessoal de avaliar. No meu despacho pedia urgência
para que a matéria fosse encaminhada. No que me competia, houve urgência; agora
a Presidência vai ater-se numa posição de respeito às leis e às pessoas.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT
(Questão de Ordem): Hoje, houve o comparecimento da Sra. Nelcinda Aguirre da Silva que fez
algumas colocações que, aparentemente, fogem à verdade dos fatos e que envolvem
a FEBEM, presidida por uma companheira do meu Partido. Por isso, quero requerer
acesso a uma cópia taquigráfica do discurso da Sra. Nelcinda para passar à
Presidenta da FEBEM, que poderá tomar as medidas cabíveis, inclusive judiciais,
se for o caso.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa defere de plano o
Requerimento de V. Exa. Solicito à Diretoria Legislativa a agilização das
cópias do discurso da Sra. Nelcinda Aguirre da Silva.
PROC. 2444/93 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI DO
EXECUTIVO Nº 070/93, que cria o cadastro de estabelecimentos comerciais, estabelece normas
para a comercialização de produtos sintéticos à base de benzeno, tolueno, éter
e demais produtos tóxicos voláteis, estabelece multas, e dá outras
providências.
- da CCJ. Relator Ver. Airto Ferronato: pela
manutenção do Veto Parcial;
- da CEFOR. Relator Ver. João Dib: pela
manutenção do Veto Parcial;
- da CUTHAB. Relator Ver. Clovis Ilgenfritz:
pela manutenção do Veto Parcial;
- da CEDECONDH. Relatora Vera. Maria do
Rosário: pela manutenção do Veto Parcial;
- da COSMAM. Relator Ver. Pedro Américo
Leal: pela rejeição do Veto Parcial.
Observações:
- para aprovação, maioria absoluta de votos favoráveis
dos membros da CMPA – Art. 77, § 4º, da LOM;
- votação nominal – Art. 174, II, do Regimento da
CMPA.
Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;
NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº
070/93. (Pausa.) Em votação. O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra para
encaminhar.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, com permissão dos meus companheiros de Bancada, contrariamente
estou encaminhando o Veto estabelecido pelo Sr. Prefeito Municipal aos artigos
do Projeto, casualmente artigos que nós propusemos e que as fundamentações são
lamentáveis sob todos os aspectos. “Dirigir recursos arrecadados pelas multas
aplicadas ao Conselho Municipal de Entorpecentes”, tem a ousadia o Sr. Prefeito
de dizer “que é um privilégio em detrimento aos demais conselhos”.
Ora, ou o Prefeito não conhece a legislação do Município, ou a sua
assessoria não funciona, ele já esteve aqui na Casa solicitando a destinação de
dinheiro para o Conselho de Trânsito ou para o Conselho Municipal da Criança e
do Adolescente, nós temos a legislação das multas das bebidas alcoólicas, cujo
dinheiro reverte para o Conselho Municipal. É lamentável que o Sr. Prefeito
Municipal vete um artigo que é acima de tudo fundamental para o próprio
Conselho. Eu não poderia deixar de mencionar isso, porque são, logicamente,
motivos que não embasam qualquer tipo de veto, não há qualquer discriminação,
não há qualquer privilégio, não há nada; há, na verdade, uma mera decisão
política do Prefeito que gosta de vetar tudo que nós apresentamos, então ele
aproveita e diz: “olha, isso aqui vem lá do Ver. Jocelin Azambuja, vai vetando,
não interessa se vai beneficiar ou não a comunidade, se vai respeitar o povo ou
não”, o importante é que vete coisas que sejam do Ver. Jocelin, é só dessa
maneira que eu posso encarar, porque outro princípio político, ou
administrativo não existe. Não há razão legal nenhuma, e essa é a única que
posso encontrar que é, lamentavelmente, a mais absurda que possa existir,
porque o PTB, os companheiros da nossa Bancada, sempre que existem projetos
positivos do Executivo, jamais deixam de votar favoravelmente nesta Casa;
agora, o Prefeito não pode prejudicar terceiros, colocando posições que são meramente
político-partidárias, nada mais, e que não têm nenhuma consistência e nenhum
princípio de correção aplicar tais vetos, a não ser o de querer tentar atingir
alguém; só pode ser, só se me explicarem que, tecnicamente era correto, mas sei
que não é. Os Vetos aplicados são absurdos.
Espero que este Plenário os derrube, porque não há nenhuma razão de
serem mantidos. Temos que diferenciar as questões partidárias, dos interesses
maiores da nossa coletividade, esse tipo de aprendizado o PT não aprendeu a
fazer ainda, e o Prefeito mistura a sua figura de Prefeito de uma Cidade, com a
de Prefeito do PT. Essas coisas têm que ser bem distinguidas. Lamentavelmente
as pessoas que não estão acostumadas à prática e processo democráticos tomam
essas medidas autoritárias, mas não é dessa forma que se faz o bem comum, não é
dessa forma que se atinge os objetivos maiores do povo que nos elege, tanto
para o Poder Legislativo, como para o Executivo. A mim nada foi atingido,
agora, tenho certeza de que, ao Conselho Municipal de Entorpecentes, sim,
àqueles que estão diretamente vinculados ao Veto do Prefeito, sim. Eu procurei
cumprir o meu dever de parlamentar, como tenho certeza de que todos que estão
nesta Casa procuram cumprir o seu. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. JOSÉ VALDIR (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, estava momentaneamente fora do Plenário e V. Exa. deferiu de
plano o Requerimento do Ver. Antonio Hohlfeldt no sentido de fornecer o
depoimento da Sra. Nelcinda Aguirre da Silva, que esteve há pouco na tribuna,
antes de completar 48h e ela ter acesso à revisão das cópias.
O SR. PRESIDENTE: Informo a V. Exa. que a
prerrogativa das 48 horas do direito à revisão é inerente aos parlamentares, e
não às pessoas que vêm-se manifestar, que são convidadas ou convocadas a
comparecer à Casa. Essa é a orientação que temos da própria Diretoria
Legislativa da Casa.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, gostaria
que fosse ouvida a Comissão de Justiça a esse respeito.
O SR. PRESIDENTE: V. Exa. deverá formular o
recurso por escrito.
O SR. JOSÉ VALDIR: Não pode, Sr. Presidente,
um requerimento oral?
O SR. PRESIDENTE: Neste tipo de matéria,
quando V. Exa. questiona um posicionamento de natureza jurídica, esta
Presidência apela à boa-vontade de V. Exa. para que formule o requerimento por
escrito.
O SR. JOSÉ VALDIR: A boa-vontade eu acato.
O SR. PRESIDENTE: Sempre o diálogo e o
entendimento é o melhor caminho, Vereador.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está
com a palavra, para encaminhar.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Na Comissão de Saúde e Meio Ambiente, este Veto foi examinado, e a
unanimidade dos Vereadores dessa Comissão, importantíssima Comissão da Casa,
altamente vinculada ao assunto, aprovou o Parecer do Ver. Pedro Américo Leal que
pede a rejeição do Veto Parcial. O que nos diz esse Parecer, aprovado por
unanimidade na Comissão de Saúde e Meio Ambiente? (Lê.)
“Vem a esta Comissão, para Parecer, o Veto Parcial aposto pelo Senhor
Prefeito Municipal ao parágrafo 3º do art. 6º do Projeto de Lei nº 070/93,
aprovado pelo Plenário da Câmara Municipal, em 26 de fevereiro do corrente ano.
O Veto referido relaciona-se com a destinação do numerário apurado com
as multas previstas no caput do art. 6º e parágrafo 1º do mesmo artigo.
Segundo o Projeto original, as importâncias arrecadadas reverteriam ao
Conselho Municipal de Entorpecentes, para aplicação em programas educativos.
O Senhor Prefeito Municipal, ao vetar o parágrafo 3º, alega
inorganicidade do mesmo, eis que a Lei Orgânica Municipal prevê a existência do
Fundo Municipal de Saúde, para onde deverá fluir o valor das multas aplicadas
em saúde pública.
Ocorre que este óbice apontado pelo Senhor Prefeito e que poderia ser
facilmente contornado dentro da própria Administração Municipal, faz com que um
dos mais importantes objetivos do projeto seja prejudicado.
Efetivamente, se as importâncias relativas às multas aplicadas não
reverterem em programas educativos do Conselho Municipal de Entorpecentes,
corre-se o risco de não chegarem até este Conselho, os recursos respectivos,
com o que não será possível a consecução dos objetivos propostos.
Acrescente-se que o Governo Federal, dentro de uma filosofia análoga,
obteve com a justiça autorização para que bens de traficantes e contraventores
da área do tóxico fossem leiloados, revertendo a importância
obtida para programas
de prevenção ao uso e tráfico do tóxico.
Assim sendo, somos de opinião que o Veto do Senhor Prefeito Municipal
não deva ser acolhido, mantendo-se, assim, com sua derrubada, a integralidade
do Projeto e os objetivos do legislador que, além de procurar dificultar e
impedir a venda franca de produtos à base de tolueno, éter e outras substâncias
voláteis que conduzem à dependência química, ainda buscou a obtenção de
recursos para programas educativos necessários à perfeita aplicação da Lei.
Pela Rejeição do Veto Parcial.
Sala da Comissão, 25 de abril de 1996.
(a)Ver. Pedro Américo Leal,
Relator
Aprovado pela
Comissão em 02.05.96
Vera. Clênia
Maranhão – Presidenta
Ver. Henrique
Fontana
Ver.
Guilherme Barbosa
Ver. Paulo
Brum”
Eu quero, Sr. Presidente, dizer que subscrevo integralmente a posição
do Ver. Pedro Américo, endossada pela integralidade da Comissão de Saúde e Meio
Ambiente. E o faço, inclusive, com o reforço do Ver. Clovis Ilgenfritz, que me
autoriza também a manifestar essa sua posição. Digo que participei deste
Projeto de forma acessória. Apesar de que a Emenda vetada surja no Projeto como
uma Emenda da Liderança do Partido da Frente Liberal, essa Emenda é efetivamente
decorrente de uma solicitação do Ver. Jocelin Azambuja, que não tendo condição,
por ter já esgotada a sua capacidade de emendar o Projeto, de integrar ao
Projeto de Lei esta Emenda altamente qualificativa do Projeto, solicitou que
nós convalidássemos a sua iniciativa, o que o fizemos com grande satisfação,
recebendo, na ocasião, a aprovação unânime desta Casa.
Não podemos, agora, Sr. Presidente, apenas por detalhes de organização
facilmente contornados, como bem assinala o Ver. Pedro Américo Leal, deixar de
aproveitar esta oportunidade ímpar para que o Conselho Municipal disponha de um
instrumento adequado para desenvolver estes programas educativos, único modo
pelo qual se tem esperança de que se possa retirar, da nossa juventude, esta
figura tão depreciativa dos valores da sociedade contemporânea, que é o consumo
da droga, estimulada pelo seu tráfico, estimulada pela permissividade que
ocorre nestas circunstâncias e, sobretudo, por inexistirem estas campanhas
educativas, estas campanhas de esclarecimentos que se pretende que o Conselho
Municipal de Entorpecentes, em Porto Alegre, realize com os recursos aqui
apontados e que devem, por justiça e até por inteligência, ser mantidos a fim
de que possamos ter esperança de ocorrência destes fatos positivos. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está
com a palavra, para encaminhar.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, venho à tribuna para dizer que vou rejeitar o Veto do Sr. Prefeito
Municipal a este Projeto de Lei. Eu não quero inculpar o Prefeito Tarso Genro
diretamente pela assinatura neste Veto, acredito que S. Exa. foi mais uma vez
levado por assessores, talvez até inexperientes, dou isso de barato, e que ele
tenha assinado este Veto. Mas eu, pessoalmente, fui convencido de que esse Veto
é impertinente, neste momento, pelas razões apostas ao Veto. Inorganicidade é
uma coisa muito relativa, agora, contrário ao interesse público, é
inadmissível. Toda a vez que se tratar de entorpecentes, o interesse público
está em primeiro lugar, e esse Projeto visa proporcionar à sociedade um meio de
se defender dessa praga que está disseminada pela sociedade e produzindo os
mais nocivos resultados. Quero citar apenas uma coisa em defesa da rejeição desse
Veto: a Lei nº 6.368, Federal, de 1976, que estabelece as penalidades e diz o
que é prevenção, combate ao tráfico e uso de entorpecentes, em seu artigo 3º
diz o seguinte: “As atividades de prevenção, fiscalização e repressão ao
tráfico e uso de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física
ou psíquica, serão integradas num sistema nacional de prevenção, fiscalização e
repressão constituído pelo conjunto de órgãos que exerçam essas atribuições nos
âmbitos federal, estadual e municipal”.
O Conselho Municipal de Entorpecentes é parte de um sistema nacional de
prevenção, e acho que os recursos auferidos das multas não vão por
em risco as finanças do Município. E há um outro detalhe que temos que
atentar: o Conselho Municipal de Entorpecentes de Porto Alegre talvez seja o
primeiro conselho municipal deste País, com o resultado dessas multas, a dar
início, a constituir um fundo financeiro de prevenção contra o uso de drogas.
Esse é o aspecto fundamental dessa proposição. Por isso, acho que nós, desta
Casa, temos todo o direito de olhar com uma visão mais ampla esse processo e
recusar o Veto do Sr. Prefeito a esse Projeto. Falo também em nome do Ver.
Guilherme Barbosa, Ver. Clovis Ilgenfritz e Ver. Giovani Gregol. Não é uma
questão contra o governo ou a favor do governo, é para a sociedade. Essa
argumentação de que temos de constituir e somos parte desse Conselho Nacional
de Prevenção, isso elide qualquer dúvida a respeito do interesse público
contrariado. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver.
Antonio Hohlfeldt, para encaminhar.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, não consigo entender, ou melhor, quando se pega a história do
surgimento da constituição do Conselho Municipal de Entorpecente, consegue-se
entender por que o Executivo Municipal tem uma má-fé, uma má-vontade tão grande
com esse Conselho. Gostaria de lembrar que quem propôs, através de lei, e foi
aprovado numa negociação que envolveu a Bancada do PT, na época, foi o Ver.
Leão de Medeiros, mas entre a aprovação do Projeto e a sua implantação,
decorreu mais de um ano em que o Vereador praticamente se arrastou para
conseguir negociar o processo da concretização do Conselho, agora de novo uma
área que é extremamente sensível, como bem disse o Ver. Lauro Hagemann, que é
fundamental para a cidadania, termo que o Prefeito Tarso Genro tanto gosta de
falar, recebe o Veto do Município.
Chamo a atenção dos Senhores Vereadores de que, ao contrário de outros
conselhos e do Conselho do Orçamento Participativo, de fato o Conselho de
Entorpecentes reúne segmentos da sociedade os mais diferentes possíveis, talvez
por isso não agrade à Administração Municipal. O trabalho feito por esse
Conselho é muito importante, da mesma forma que me parece, quero aqui
justificar e realçar, como mudou o trabalho da FESC ao tempo do Ver. José
Valdir. É curioso como, de repente, de novo a FESC pára de fazer aquela
atividade para a qual está voltada por definição, definição que não foi
iniciativa nossa, da Câmara, mas foi uma iniciativa do Executivo Municipal, do
Prefeito Olívio Dutra, do Pref. Tarso Genro que mandaram um projeto de lei a
esta Casa mudando a Constituição, os objetivos da FESC, e que depois o próprio
Governo não cumpre. Eu quero me referir àquela notícia que já foi comentada,
aqui, no Plenário, na 2ª feira, daquele indigente que ninguém recolhe, ninguém
cuida, ninguém faz nada e que o Ver. José Valdir, aqui do Plenário dizia que
iria verificar o que estava havendo com a FESC que não fazia aquilo que lhe
cabia fazer. No caso do Conselho de Entorpecentes, é bem objetiva a situação. É
impossível que não se saiba que nas escolas desta Cidade a oferta de tóxico é
aberta.
É impossível que não se saiba que realmente de discurso, nós vamos
poder fazer muito pouca coisa contrária à ampliação do consumo de tóxico entre
crianças e adolescentes. É impossível que não se entenda que ou nós realmente
tomamos a iniciativa de alguma coisa e essa iniciativa tem que ser feita a
partir da base da cidade, do município, das famílias, das escolas, das igrejas,
das entidades mais variadas possíveis ou nós não vamos dar conta dessa situação
que, certamente, não é para nós, Vereadores, que aqui estamos que, bem ou mal,
estamos formados, mas quem sabe lá não será para os nossos filhos ou para os
nossos netos. Parece-me que é uma questão de pura e simples consciência fazer a
derrubada deste Veto.
Uma vez mais a assessoria do prefeito erra e eu vou usar aqui a
expressão anterior do Presidente da Casa: “Erra no substantivo querendo
defender o adjetivo”.
Erra no essencial porque veta uma coisa que é fundamental
que é a defesa do cidadão e do interesse do cidadão, a não ser que o Ver. José
Valdir seja contrário a isso, mas eu não acredito, por todo o trabalho que ele
teve e por tudo que eu conheço do Ver. José Valdir como Liderança, inclusive,
na sua vida e como professor que é.
Parece-me que é fundamental e aqui não entra problema de partido
político a favor ou contra, mas entra, sim, uma consciência maior ou menor de
quem realmente sabe o que está acontecendo, não em Porto Alegre, mas em toda a
sociedade brasileira e nós temos uma pequeníssima chance de dar um
encaminhamento ou pelo menos de tentar começar a fazer um encaminhamento que é
exatamente a produção de campanhas, a produção de materiais, uma
conscientização mínima, que seja, através de palestras, através de
profissionalização de algumas pessoas que possam trabalhar junto aos jovens,
junto às crianças, com uma orientação definida, determinada, assim como hoje
nós temos este trabalho admirável que é desenvolvido pelo GAPA e por tantas
outras entidades que trabalham com esses segmentos que, muitas vezes, a
sociedade marginaliza. Parece-me que é fundamental a derrubada do Veto à
constituição deste Fundo e, inclusive, gostaria de ver nas rubricas
orçamentárias da Prefeitura, quem sabe menos dinheiro na publicidade e mais
dinheiro na constituição do Fundo do Conselho do Entorpecente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Reginaldo
Pujol):
Está com a palavra o Ver. João Dib, para encaminhar.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu não pretendia me inscrever para discutir esta matéria e muito
menos para encaminhá-la, mas dados os pronunciamentos aqui ocorridos e como fiz
um Parecer pela manutenção do Veto Parcial, que foi aprovado por unanimidade,
gostaria de dizer que o Prefeito tem razão. A assessoria do Prefeito não é das
melhores; quando redigem para o Prefeito, para que ele assine um projeto de lei
ou razões de veto, eles são claudicantes. Fazem muito mal.
Desta vez eles estão certos, o Projeto é contrário à Lei Orgânica e ao
interesse público, porque o interesse público não pode ser visto isoladamente,
ainda que o Conselho Municipal do Entorpecente tenha todos os méritos para
proteger as pessoas que podem ser afetadas, especialmente os jovens, é apenas
uma parte, e a Cidade é muito mais. A saúde é também claudicante, precisa muito
mais. Cabe ao Executivo Municipal regular esta matéria, já que não há na Lei
Orgânica nenhuma forma de atuar, no que determina o Art. 164 da Lei Orgânica e
também no que é privativo ao Prefeito no Art. 94. Neste caso, reconheço o
mérito da Emenda que o próprio Prefeito reconhece, mas as coisas devem ser
feitas de forma disciplinada porque não tem razão em fazer Regimento, Lei
Orgânica, porque depois rasgamos a Lei Orgânica. É por isso que o salário
mínimo – está escrito na Constituição Brasileira – deveria sustentar uma
família de quatro pessoas com habitação, saúde, saneamento e lazer.
É por isso que não temos leis fortes. É porque fazemos as leis e as
modificamos a nosso bel prazer. Não vou fazer tal coisa. Vou manter meu ponto
de vista, ainda que reconheça o mérito e a preocupação correta com aqueles que
são drogados, especialmente nossos jovens. Mas a lei é fria.
A Exposição de Motivos do Prefeito para o Veto, não está muito bem
escrita, mas está correta. Assim, voto pela manutenção do Veto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta está com
a palavra para encaminhar.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu apenas gostaria de relembrar os pareceres já elaborados: a
Comissão de Justiça, através do Ver. Airto Ferronato; a Comissão de
Urbanização, Transportes e Habitação, através do Ver. Clovis Ilgenfritz; e a Comissão
de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, através da Vera. Maria do Rosário,
deram Parecer pela manutenção do Veto.
Em segundo lugar, nossa Bancada, por decisão da nossa Liderança – Ver.
Henrique Fontana -, está liberada para não votar esse Veto. Mas eu gostaria de
sustentar a razão pela qual o Prefeito está vetando o presente Projeto, apenas
parcialmente – em seu art. 6º -, e para que não transite em julgado o
pronunciamento do Ver. Antonio Hohlfeldt, que fez todo um discurso para
justificar sua posição contra o Veto, mas não abordou, em nenhum momento, seus
motivos. Ele deveria, na verdade, ter criticado essa posição que vou defender
aqui.
O Sr. Prefeito está vetando, porque existe um artigo na Lei Orgânica do
Município – art. 164, § 1º - que determina expressamente o seguinte: “O Sistema
Único de Saúde do Município será financiado com recursos orçamentários do
Município, do Estado e da União, da seguridade social, além de provenientes de
outras funções. § 1º: o conjunto dos recursos destinados às ações de serviços
de saúde do Município constituem o Fundo Municipal de Saúde”. É por isso que o
Sr. Prefeito vetou apenas e tão somente esse artigo, porque entende o Executivo
que se estabelecer que neste caso os recursos arrecadados pelas multas irão diretamente
para o Conselho Municipal de Entorpecentes, estaremos estabelecendo um
tratamento diferenciado em relação aos outros conselhos.
E essa é a razão legal pela qual o Sr. Prefeito está chamando toda a
atenção de que ele não pode omitir esse artigo 164, § 1º da LOM. Se alguém é
contrário a esse artigo, e eu aguardava a fundamentação da posição do Ver.
Antonio Hohlfeldt, mas ele só fez discurso político, acho, que aí sim,
poderemos estabelecer um outro tipo de interlocução aqui, no que diz respeito à
discussão deste tema.
Portanto, é por esta razão que eu, pessoalmente, estou acompanhando o
Sr. Prefeito no Veto. Alguém pode afirmar que agora a Administração está contra
o Conselho Municipal de Entorpecentes, não! Há uma construção que iniciamos em
89, que culminou com a incorporação do conceito de Sistema Único de Saúde na
LOM. E, ao incorporarmos o conceito de SUS na LOM, incorporamos, também, o
conceito do Fundo Municipal de Saúde; e, ao incorporarmos este, somos obrigados
a compreender e a aceitar a idéia de que todas as verbas serão aplicadas a
partir da composição do Fundo Municipal, e não estabelecermos o tratamento
diferenciado para o Conselho “A” ou “B”. Por esta razão acompanho o Veto do Sr.
Prefeito. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLE nº 070/93.
(Pausa.)
O SR. PRESIDENTE (Isaac
Ainhorn):
(Após a chamada.) APROVADO o Projeto
por 21 votos SIM, 5 votos NÃO, 1 ABSTENÇÃO, rejeitado, portanto o Veto Parcial a ele aposto.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA (Requerimento): Sr. Presidente, gostaria de requerer que nós e a Mesa cumprimentássemos o Ver. Paulo Brum, que está aniversariando no dia de hoje. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa sente-se honrada em
parabenizar o Ver. Paulo Brum, pelo seu aniversário. Receba, em nome desta
Presidência, da Mesa Diretora da Casa, e de seus colegas Vereadores, os
cumprimentos e votos de um feliz aniversário.
Suspendemos os trabalhos e convidamos o Ver. Airto Ferronato para votar
Parecer conjunto das Comissões.
(Os trabalhos foram suspensos às 16h50min.)
O SR. PRESIDENTE (às
16h58min):
Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.
1º TURNO
PROC. 1647/95 – PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº
002/95, de
autoria do Ver. Décio Schauren, que dá nova redação ao “caput” do art. 17 da
Lei Orgânica do Município, que dispõe sobre a administração pública.
Observações:
- votação nominal nos termos do Art. 174 e 130 e §§,
do Regimento da CMPA;
- para aprovação, voto favorável de dois terços dos
membros da CMPA, em ambos os turnos – Art. 130, § 6º, do Regimento da CMPA.
O SR. PRESIDENTE: Acusamos o recebimento de
Requerimento de autoria do Ver. Décio Schauren, pedindo o adiamento, por duas
Sessões, da votação do PELO nº 002/95. Em votação. Com a palavra o Ver. Jocelin
Azambuja, para encaminhar.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr, Presidente e Srs.
Vereadores, eu não poderia deixar de vir hoje à tribuna para encaminhar esse
Requerimento que o Ver. Décio Schauren faz de adiamento do seu Projeto, que
prevê a alteração do art. 17, da Lei Orgânica do Município. Gostaria até de
votar esta matéria de imediato, por isso vim à tribuna.
Vejam V. Exas. que o Ver. Décio Schauren está querendo colocar alguns princípios
a mais na nossa Lei Orgânica, que são importantíssimos. Ele fala nos princípios
que nós temos hoje: a moralidade pública. O Vereador acrescenta a publicidade,
a legitimidade, a participação, a razoabilidade, a economicidade. É um Projeto
importante. Analisando bojo da exposição de motivo do Ver. Décio Schauren, eu
não vejo por que adiarmos.
Nós deveríamos discutir o Projeto e partirmos para uma votação. São
esses princípios que a administração pública deveria ter. E deve ter. Quanto
aos princípios de moralidade pública, de legitimidade, de participação, nós
lemos, na exposição de motivo do Ver. Décio Schauren: “A legitimidade é um
‘plus’ em relação à legalidade. Todo ato legal, administrativo, deverá se
encontrar com legitimidade, numa ordem jurídica emanada do poder legítimo e
deverá comprometer-se com cada tarefa, exigida expressamente do estado
brasileiro. Construção de uma sociedade livre, justa e solidária; participação
– os princípios norteadores do município – a iniciativa popular, os conselhos;
razoabilidade: ação despropositada e desmedida, proporcionando as necessidades
públicas, a fim do que se pretende atingir. A razoabilidade impõe que o agente
público considere sempre correta a justa adequação entre os fins pretendidos e
os meios adotados”.
O Ver. Décio Schauren colocou muito bem os princípios regedores da
administração pública e, dentro desses, o princípio da moralidade: “funciona
como repressão aos atos contrários ao senso ético de um povo, em determinada
época”. Seabra Fagundes, “O controle dos atos administrativos pelo Poder
Judiciário”. Compõe-se ato administrativo como elemento de mérito, de juízo,
contra o erro, o dolo, a violência e a arbitrariedade. “O princípio
constitucional da moralidade, o princípio da impessoalidade, impõe ao
legislador a valorização dos interesses públicos e privados, envolvidos na
relação jurídica a se formar, independente de qualquer interesse político”.
Figueredo. Lúcia Wallig. Curso de Direito Administrativo. Eu acho, Sr.
Presidente, que o Ver. Décio Schauren foi muito feliz em toda essa exposição e
é por isso que nós, dentro desses princípios que o Vereador quer consignar na
Legislação, gostaríamos de votar a matéria hoje, até porque são com esses
princípios que eu me fundamentei para requerer o afastamento da Secretária de
Educação do Município e do Secretário Adjunto. São esses princípios de
moralidade, todos esses princípios que eu requeri. Inclusive estou encaminhando
o meu Requerimento à CPI para que se manifeste a respeito. A CPI será o
instrumento legal.
Eu diria. Srs. Vereadores. que a matéria é importante e deve ser votada
de imediato. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Décio Schauren está
com a palavra, para encaminhar o Requerimento.
O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, eu quero dizer em duas frases por que pedi o adiamento e pediria
que o Ver. Jocelin escutasse. Eu estive duas semanas em Licença de Saúde, e,
como o Regimento me faculta o adiamento, eu pedi o adiamento e espero contar
com o apoio dos nobres Pares em função disso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação nominal, a
pedido do Ver. Jocelin Azambuja. (Após a chamada.) APROVADO o Requerimento por 17 votos SIM e 4 votos NÃO.
PROC. 2423/95 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
068/95, que
cria função regida pela Consolidação das Leis do Trabalho, pertencente ao
Quadro Celetista em Extinção, na Administração Centralizada do Município, e dá
outras providências (motorista.)
- da CCJ. Relator Ver. João Motta: pela
aprovação do Projeto;
- da CEFOR. Relator Ver. Antonio Hohlfeldt:
pela aprovação do Projeto;
- da CUTHAB. Relator Ver. Clovis Ilgenfritz:
pela aprovação do Projeto.
Observação:
- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta
dos membros da CMPA – Art. 82, § 1º, III, da LOM.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº
068/95. Com a palavra, para discutir, o Ver. Reginaldo Pujol.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Provavelmente não vou precisar dos 5 minutos, porque observei
algumas dúvidas no Plenário. Evidentemente, elas são de simples esclarecimento.
Trata-se de um dos muitos projetos de lei que a Casa, com freqüência, tem
aprovado e que em determinado momento justificaram uma oposição do Ver. Antonio
Hohlfeldt que queria aumentar o número dessa autorização para que não ocorresse
com tanta freqüência o envolvimento da Casa com matéria dessa natureza que
decorre de condenações judiciais irrecorríveis, transitadas em julgado, a qual
o Executivo está compelido a cumpri-las. No caso, trata-se de sentença que,
além de ter transitado em julgado na instância originária, foi confirmada pelo
Egrégio Tribunal Regional do Trabalho, o que torna imperativa a atuação do
Município no sentido da designação do motorista no nível 4 e o faz através
deste Projeto de Lei que cria uma única função, exclusivamente para satisfazer
o cumprimento da obrigação legal decorrente da sentença judicial, conforme nos
demonstra claramente o processo administrativo que acompanha o Projeto de Lei e
que nos informa da sentença que favoreceu o Sr. Saul Pedro Pereira na 6ª Junta
de Conciliação e Julgamento de Porto Alegre, bem como da confirmação dessa
decisão pelo Tribunal Regional do Trabalho.
Vim à tribuna para esclarecer essa circunstância de que estamos
tratando da criação de um cargo para satisfazer exigências decorrentes de
decisões do foro competente, no caso o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Mário
Fraga):
Encerrada a discussão. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO
o PLE nº 068/95.
PROC. 0823/94 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 010/94, de autoria do Ver. João
Verle, que institui o Código de Ética Parlamentar. Com Emendas nºs 01, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12, 15, 16,
Subemendas nºs 01, 02 e 03 à Emenda nº 07 e Subemenda nº 01 à Emenda nº 01.
- da Comissão Especial. Relator Ver. Milton
Zuanazzi: pela aprovação do Projeto, das Emendas nºs 01, 03, 04, 05, 06, 07,
com Subemenda nº 01, e 09, e pela rejeição das Emendas nºs 08, 10, 11 e 12.
Observações:
- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta
dos membros da CMPA – Art. 82, § 1º, II, da LOM;
- Emendas nºs 02 e 13 retiradas;
- prejudicada a Subemenda nº 01 à Emenda nº 02;
- adiada a votação por duas Sessões.
O SR. PRESIDENTE: Requerimento do Ver. João
Verle para adiamento de votação por uma Sessão. O Ver. João Verle está com a
palavra para encaminhar.
O SR. JOÃO VERLE: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Rigorosamente, não seria necessário o encaminhamento, mas eu quero
ocupar este espaço para dizer a todos os Srs. Vereadores e Vereadoras que eu
tenho o maior interesse em votar este Projeto, que é de 1994 e tem tramitado
com toda a tranqüilidade porque não quero ser acusado, em nenhum momento, de
ter atropelado a discussão e forçado a votação. No entanto, eu mesmo tenho, em
alguns momentos, pedido o adiamento, no caso, a discussão sistematicamente. Já
no caso da votação, eu somente o faço quando percebo que não há condições de
fazer uma discussão das Emendas destacadas, dos destaques apresentados ao
Projeto para que haja tempo, enfim, de que sejam encaminhados os destaques e as
Emendas com toda a tranqüilidade.
Então, estive examinando com a Diretoria Legislativa e constatamos que
na próxima sexta-feira não teremos Tribuna Popular e nem comparecimento ou
qualquer outra atividade que de antemão nos mostre que a Sessão pode ter
interrupções ou modificações na sua ordem normal. Só a Pauta, talvez, esteja um
pouco carregada e já vou anunciar agora que pretendo obter acordo da maioria da
Casa para modificar a ordem de votação dos Projetos na Ordem do Dia e trazer,
se não houver nenhum Veto para votar, este projeto de resolução que
sistematicamente tem aparecido no final da Ordem do Dia para o início. E, na
sexta-feira, possamos votar, com toda a tranqüilidade, este Projeto de
Resolução que é muito importante para esta Casa e que vem sendo adiado.
Mais uma vez espero que os Srs. Vereadores aprovem o adiamento e que
estejam com boa vontade antecipada para podermos fazer essa discussão e votar o
Projeto de Resolução que trata do código de ética parlamentar. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais Vereadores
para encaminhar o Requerimento do Ver. João Verle vamos colocar em votação.
Em votação nominal a requerimento do Ver. João Dib. (Após a chamada.) APROVADO o Requerimento do Ver. João
Verle por 17 votos SIM e 02 votos NÃO.
O SR. NEREU D’ÁVILA (Questão
de Ordem): Gostaria
de pedir uma informação sobre um Requerimento que o pretenso Líder do PC do B
teria feito, equivocadamente, à Presidência da Casa, solicitando a sua exclusão
da CPI. Imagino que essa atitude objetiva, naturalmente, tumultuar os trabalhos
da CPI, já que o Requerimento foi equivocado à Presidência, ele sabia que teria
que ser à CPI, mas não o fez. Se já foi deferido pelo Presidente para enviar à
CPI o Requerimento, a fim de que ele seja realmente excluído que, aliás, ele
não deveria fazer parte de comissão alguma da Casa.
O SR. PRESIDENTE: A informação que temos é a
de que o Ver. Isaac Ainhorn, Presidente desta Casa, encaminhou-o ao Ver.
Presidente da CPI, Luiz Fernando Záchia, que o encaminhou à Procuradoria desta
Casa.
Requerimento nº 87, Proc. nº 1189/96, do Ver. Nereu D'Ávila, que requer
que o Grande Expediente da Sessão Plenária do dia 18.09.96, seja dedicado a
homenagear o Piquete Aporreados do 38, pelo seu 10º Aniversário. O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs.,
Vereadores, o Ver. Nereu D'Ávila requer que o Grande Expediente da Sessão
Plenária de dezoito de setembro, quarta-feira, seja dedicado a homenagear o
Piquete Aporreados do 38, em razão do seu 10º Aniversário.
Ver. Nereu, quero que V. Exa. me honre com sua atenção, porque vou
reafirmar uma posição que tenho constantemente assumido nesta Casa em todas as
matérias similares e que certamente gostaria de ser compreendido por V. Exa.
que, com muita propriedade busca homenagear os “Aporreados do 38”, e busca
fazê-lo nas proximidades do 20 de setembro. Até mesmo por que, presumo que a
data da sua fundação seja em torno do dia 18 de setembro.
É óbvio, Sr, Presidente, que qualquer coisa no sentido de sedimentar o culto
da tradição do Rio Grande, de apoio aos movimentos nativistas, onde o Piquete
Aporreados do 38 tem uma expressão muito significativa, é bom, é ótimo, é
positivo. Isso não implica afastar-se de uma posição que tenho sustentado,
aqui, sistematicamente. Sentir-me-ia muito desconfortado, se não guardasse
coerência, com posições que tenho externado em situações absolutamente
similares, que tenho justificado antecipadamente da tribuna a minha
discordância da utilização do Grande Expediente para esse tipo de homenagem.
Acho que os “Aporreados do 38” mereceriam uma homenagem, a convocação
de uma Sessão Solene, estaria solidário se para tanto fosse a convocação. Não
posso estar solidário, entretanto, com a utilização do Grande Expediente. Ver.
José Valdir, há poucos dias, V. Exa. queria trazer, como efetivamente trouxe,
hoje, representantes do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do
Adolescente, e disse que, apesar de concordar com a vinda da sua convidada à
Casa, entendia que não deveria ser, através da utilização de expedientes,
destinados a outras atividades da Casa. Então, Vereador, com o maior respeito à
sua belíssima iniciativa, quero antecipadamente dizer que o meu voto será no
sentido de que não se utilize o Grande Expediente para essa finalidade, porque
sinto que este importante período das atividades desta Casa, deve ser ocupado
não em finalidades equivocadas, senão como as de votações de projetos. Essas
homenagens, Ver. Nereu D'Ávila, têm espaços específicos: a possibilidade de
realização de Sessões Solenes ou Especiais e Comemorativas.
Tenho aconselhado meus Pares a buscar opções na Casa, para compromisso
de homenagens, através dos meios adequados, e há meios adequados, no meu
modesto entendimento, que não a utilização dos espaços de Grande Expediente.
Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D'Ávila está
com a palavra, para encaminhar.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Ver. Reginaldo Pujol teria inteira razão se esta Casa fosse
coerente, mas ela não é coerente. Tenho autoridade moral para falar isso,
porque, desde 1983, o nobre Ver. Elói Guimarães presidia a Comissão Especial
para mudanças no Regimento, que eu fiz parte. Portanto, ao longo de 14 anos
estamos tentando aprimorar o Regimento, e, no ano passado, esforços de que
muitos Vereadores também participaram, onde tentamos alterar para melhorar e
não fomos entendidos, muito pelo contrário.
Sabe, Ver. Elói Guimarães, que alguns Vereadores andaram dizendo
“democraticamente”, em reuniões do Orçamento Participativo, que este Vereador
queria
suprimir a Tribuna Popular. Não vou dizer o nome porque
não quero, mas são dois Vereadores do PT que disseram isso, eu tenho fonte
segura de informações. Além desta Casa não compreender o esforço de certos
Vereadores que entram em Comissões para alterar o Regimento Interno, que não dá
voto e não dá mídia. Além de não compreenderem, são caluniosos e infames.
(Aparte anti-regimental.)
O SR. PRESIDENTE: Ver. Guilherme Barbosa, por gentileza.
O SR. NEREU D’ÁVILA: Um foi V. Exa., foi me
“dedurar”, que eu queria acabar com a Tribuna Popular. Isso não é verdade, eu
nunca quis acabar com a Tribuna Popular.
Na verdade, o Ver. Reginaldo Pujol teria razão se esta Casa fosse
coerente. Eu não estaria pedindo um Grande Expediente, embora o mérito seja
evidente, porque outros Vereadores também usam e eu voto favorável, porque,
sendo possível, se usa o Grande Expediente.
Então, os “Aporreados do 38” fazem 10 anos, no dia 20 de setembro. No
dia 19, como V. Exa. desejaria uma Sessão Solene, já está ocupado pelo nobre
Ver. Paulo Brum para uma Sessão Solene. Só resta o dia 18 que é mais próximo ao
dia 20, quando eles completam 10 anos. O Ver. Pedro Ruas vai falar mais sobre o
mérito da grande atividade deste piquete na Cidade de Porto Alegre.
Eu não vejo mais, como eu gostaria, que quarta-feira fosse apenas para
votação. Mas fomos derrotados, o PT fez mil e uma manobras e ainda foram dizer,
lá fora, que eu queria tirar a Tribuna Popular. Ou seja, além da gente estudar
as coisas, nós somos queimados. Quando os membros do Orçamento Participativo
estiveram aqui, os ilustres membros do COP, eu disse a eles e o Ver. Clovis
Ilgenfritz foi honesto, disse, também, na frente da ex-Vereadora Ana Godoy, que
ela foi uma que foi “dedurar” os Vereadores da Câmara, que nós queríamos
engessar e acabar com o Orçamento Participativo. E foi delirantemente aplaudida
na sua delirante demagogia. E o Ver. Clovis Ilgenfritz disse isso para ela ,
aqui, e ela respondeu: “Ah, pois é, agora eu vejo que não é isso”. Mas, aí, as
600 ou 700 pessoas que estavam no Orçamento saíram de lá dizendo que os
Vereadores querem acabar com o Orçamento, que são uns demagogos, que são isso,
que são aquilo.
Então, ficou claro que uma coisa é a demagogia desenfreada, usada
nestas reuniões, e outra coisa é a realidade da Câmara estudar e ter o direito
de participar em todos os assuntos importantes da Cidade. Eu lamento muito que
justo eu que queria a 4ª feira para votar apenas projetos nesta Casa, apenas
uma tarde votar só projetos, fui derrotado. Eu aceito democraticamente, agora,
exerço, também, o meu direito legítimo de Vereador de pedir, então, que já que
não querem que a 4ª feira seja exclusiva de votação, eu exijo o direito que
outros Vereadores exerceram de requerer que o Grande Expediente seja usado para
um Piquete que faz 10 anos na Cidade. É um direito que este Vereador tem como
tantos outros já tiveram e a eles foi concedido também em assuntos importantes
que foram abordados nesta Tribuna. É por isto que eu pedi uma 4ª feira no
Grande Expediente, com dor no coração, porque justo eu que queria a 4ª feira só
para votação. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Pedro
Ruas, para encaminhar.
O SR. PEDRO RUAS: Sr, Presidente e Srs.
Vereadores, não entro nesta discussão do Grande Expediente, jamais participei
de tal tipo de discussão. Me sinto bastante contente de poder encaminhar
favoravelmente à votação deste Requerimento e encaminhar junto com o Ver. Nereu
D'Ávila no que tange ao mérito do pronunciamento de S. Exa. porque o Piquete
Aporreados do 38 ao longo dos seus 10 anos de existência teve uma marca no
resgate na manutenção das mais caras tradições gauchescas, que a todos nós
orgulha muito. Mais que isto, o Piquete Aporreados do 38 teve nos últimos 3
anos um trabalho dos mais importantes na preservação da área conhecida como
Estância da Harmonia ou Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. Faço referência
aqui, Ver. Giovani Gregol, que acompanhou comigo aqueles momentos, além de
outros Vereadores, do trabalho importante que aqueles gaúchos tiveram em todo o
processo de votação do Projeto conhecido como Sambódromo. Portanto, os
Aporreados do 38, mantendo a sua tradição, mais que apenas enaltecer a história
rio-grandense, marcaram, também, de forma importante, a história de Porto
Alegre. Por isso é de todo merecida essa homenagem, porque esses dez anos
chegam exatamente no momento em que a luta maior do Piquete Aporreados do 38,
em nossa opinião, é vitoriosa. E a luta maior foi a preservação da Estância da
Harmonia, do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, onde esse Piquete teve o papel
de destaque. Mostrou que tinha compromisso com a tradição, mas,
fundamentalmente, com o presente, com a população de Porto Alegre e com a
representação desta Cidade, enquanto capital do Rio Grande.
Para nós, portanto, é motivo de orgulho encaminhar conjuntamente esse
Requerimento que é, junto com outras homenagens que já ocorreram para os
Aporreados do 38, inclusive nesta Câmara Municipal, absolutamente merecida, e
faço questão de fazer o registro na pessoa de um dos Aporreados que vejo aqui
no Plenário, que é o companheiro Amilton Fernandes, que deve levar, certamente,
esta mensagem aos seus companheiros, amigos nossos, e que conosco travaram
lutas importantes pela Cidade, pela cidadania e pelo Rio Grande. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver.
Jocelin Azambuja.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, procuramos compreender o espírito das manifestações aqui feitas e
as razões do Ver. Reginaldo Pujol, mas é uma previsão regimental, então, não há
contra o que se insurgir. A homenagem aos Aporreados é merecida e só merece
louvor de todos nós. Temos que enaltecer as nossas tradições, nossos
companheiros que lutam pelo movimento tradicionalista desta nossa Cidade, deste
nosso Estado.
Todos temos a preocupação com o andamento dos trabalhos da Casa, mas
hoje se trouxe um convidado para expor motivos por um longo período, juntou-se
com a Tribuna Popular. Essas coisas tornam difíceis os trabalhos. A Mesa
Diretora da Casa e a Assessoria Legislativa, quando tiver um evento não devem
marcar dois. Então, solicito que no dia em que for feita a homenagem aos
Aporreados, não se coloquem outras atividades, para que não ocorra o que
aconteceu hoje, que só às dezesseis horas a Sessão foi retomada. Isso prejudica
o trabalho daquilo que é essencial para este Poder, que são as votações das
matérias e as decisões políticas que aqui devem ser tomadas. Faço, então, essa
pequena lembrança. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Giovani Gregol está
com a palavra para encaminhar pelo PT.
O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu gostaria de ater-me ao assunto principal: o Requerimento que
temos sobre a mesa, a homenagem, diga-se de passagem mais do que merecida, ao
Piquete Aporreados do 38 por ocasião de seu 10º aniversário, com todo o
respeito por todos os Vereadores que aqui mudaram de assunto. O motivo
principal e exclusivo desse Requerimento é a homenagem a uma década de
existência muito bem vivida, de luta e de batalha do nosso – se é que posso
dizer assim, pois sou um dos tantos amigos – Piquete Aporreados, que não deve
ser esquecida.
Queremos ressaltar – já que encaminho em nome da minha Bancada – que o
Piquete Aporreados do 38 tem prestado grandes serviços à cultura do Rio Grande
do Sul, à preservação do que há de melhor na nossa cultura, no nosso folclore,
nas nossas tradições. E, quando falo em tradições, não me refiro apenas ao
sentido passadista; incluo, entre essas tradições, a honestidade, a lealdade, a
amizade, o espírito público e de colaboração para com o bem público. Tenho
certeza, juntamente com outros que conhecem o trabalho do Piquete, que ele tem
cumprido essa missão, que sabemos é o objetivo explícito da sua existência
desde a sua fundação.
Há um intenso calendário de atividades para esse 10º aniversário, cujo
início ocorreu com uma bela festa aqui, na Câmara de Vereadores. O Piquete é
composto por pessoas de todo o tipo, de toda a origem, de toda a cor
partidária. Existem ali simpatizantes, eleitores de todos os partidos
políticos, de todas as ideologias, com um objetivo comum, que já citei.
Foi bem lembrada, pelo Ver. Pedro Ruas, a questão do papel na
preservação da estância. A questão do Sambódromo foi polêmica, todos sabem que
eu tive, junto com a Vera. Maria do Rosário, uma posição divergente da posição
da maioria da minha Bancada. Por isso, não quero me estender. Todos almejamos que
Porto Alegre tenha um sambódromo, mas no lugar correto, porque cada coisa tem o
seu lugar e, certamente – falo em nome exclusivamente particular – não era
aquele o melhor.
Quero lembrar outro evento importante, esse, acho, unânime, porque
quando o Governo do Estado – nem lembro mais quem era o governador – entendeu
que 20 de setembro não era mais feriado, a nossa data máxima dos rio-grandinos,
mas um feriado móvel, um ponto facultativo. Lembro, e toda a opinião pública do
Rio Grande lembra, que foi o Piquete, Ver. José Valdir – V. Exa., que é mais um
dos nativistas do PT, como eu – que puxou o movimento. Vamos fundar até um
núcleo de bombachudos do PT. Por que não? Já temos núcleos de ecologia, de
metalúrgicos. Foi justamente o Piquete que liderou, encabeçou, foi o sinuelo da
luta vitoriosa, respeitosa, adequada, porque não poderia ser de outra forma,
para que o 20 de setembro fosse reposto no seu verdadeiro lugar e na sua
verdadeira importância, e voltasse a ser um feriado obrigatório no Estado.
Agradeço e digo que a Casa não poderia deixar de homenageá-lo e, em
fazendo isso, por extensão vai homenagear todos os gaúchos, as gaúchas e os
nativistas do nosso Estado. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo inscrito, para
encaminhar, Ver. João Dib.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Ver. Nereu D'Ávila acho que nem mais precisa propor e fazer a
solenidade para homenagear os Aporreados, basta que V. Exa. tome os Anais de
hoje, encaminhe a eles, e estarão homenageados devidamente. É isto o que
acontece nesta Casa, todo mundo faz guerra em cima do que não existe, quando
não há razões de guerra e esquece de lutar quando precisa lutar como, por
exemplo, no caso dos salários dos servidores municipais.
Na segunda-feira o Grande Expediente quase que não foi usado, pois os
Vereadores não se encontravam para usá-lo. Vossa Excelência tem absoluta razão
quando luta para que um dia sejam só os projetos de lei. Eu vou votar
favoravelmente ao projeto de V. Exa. para homenagear os Aporreados de 38,
porque não vejo razão de não aplaudir a iniciativa. Não vou falar sobre os
mesmos, porque não é esta a hora, e V. Exa. falará por mim no dia da homenagem,
e falará muito bem. Mas eu gostaria que requerimentos como os de V. Exa., pela
sua magnitude, pelo que representa para a nossa história, para a nossa
Revolução Farroupilha, pudessem ser votados pura e simplesmente com sim, e como
eu muitas vezes digo: aprovado por unanimidade e com louvor. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito Ver.
Airto Ferronato. Desiste. Em votação nominal o Requerimento do Ver. Pedro Ruas.
(Após a chamada.) APROVADO o
Requerimento por 21 votos SIM e 01
voto NÃO, com Declaração de Voto do
Ver. Artur Zanella.
Voto a favor, apesar da hostilidade desta sociedade a alguns
Vereadores, os que são favoráveis ao Sambódromo.
Em 08.05.96”.
(a) Artur Zanella.
O SR. JOSÉ VALDIR (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, eu gostaria de saber, já que a Sessão encaminha-se para o seu
final, qual é o resultado do recurso que eu encaminhei para uma deliberação do
Presidente, na condução dos trabalhos, Ver. Isaac Ainhorn. Há mais ou menos
duas horas e meia, fiz oralmente, mas o Presidente pediu-me, por uma questão de
facilitar o trabalho, que eu o encaminhasse por escrito, eu o encaminhei.
Embora isso não fosse necessário, pelo Regimento, porque requerimentos são
proposições que podem ser escritas ou oralmente encaminhadas à Mesa.
O SR. PRESIDENTE: Em virtude do fato de o
Ver. José Valdir e este Presidente, no momento, dos trabalhos, acharem que há
uma situação diferente na Casa, vou suspender os trabalhos por cinco minutos.
(Os trabalhos foram suspensos às 18h.)
O SR. PRESIDENTE (às
18h08min):
Estão reabertos os trabalhos.
Recebemos o Requerimento firmado pelo Ver. José Valdir, em que requer o
Parecer da Comissão de Constituição e Justiça, quanto ao pronunciamento da Sra.
Nelcinda Aguirre da Silva, Presidente do Conselho Municipal da Criança e do
Adolescente, nesta data, referente à revisão das notas taquigráficas, conforme
faculta o art. 198, § 3º do Regimento da Câmara, recorrendo da decisão de V.
Exa. em fornecer, imediatamente, a nota aos Vereadores.
Tendo em vista o dispositivo que me foi apresentado, eu reconsidero a
minha decisão de fornecer as cópias ao Ver. Antonio Hohlfeldt, com fundamento
no dispositivo que V. Exa. invocou. Eu não atentei para esse dispositivo e V.
Exa. tem toda razão. De forma que não há o que recorrer, porque eu reconsidero
a minha decisão. Entendo que convocada a homenageada – a Presidente do Conselho
Municipal da Criança e do Adolescente não estava aqui nem como convocada nem
como homenageada mas, por extensão, como convidada; muito mais se aplicaria o
princípio do direito de revisar pelo dispositivo regimental, em dez dias.
Portanto, eu suspendo a entrega das notas taquigráficas ao Ver. Antonio
Hohlfeldt e aguardo a revisão da Sra. convidada. A informação da DL é que não
foram entregues. V. Exa. tem toda razão, acredito que não tem mais objeto.
Arquive-se. Tendo em vista a reformulação da decisão, numa espécie de agravo
nos autos do processo, de reconsideração de despacho interlocutório,
reconsiderando a medida. Agradeço a V. Exa. por colaborar. Acho que o Plenário
democrático se constrói dessa forma, dentro desta Casa.
O SR. HENRIQUE FONTANA
(Questão de Ordem): Solicito chamada nominal para verificação de quórum.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Mário Fraga
associa-se ao solicitado. Não há quórum. Estão encerrados os trabalhos.
(Encerra-se a Sessão às 18h14min.)
* * * * *